As dificuldades de crescimento económico na Europa vão prolongar-se em 2009, dizem economistas ouvidos pela agência «Lusa», contrariando a nota de optimismo deixada terça-feira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

O comissário europeu para os Assuntos Económicos, Joaquin Almunia, vai apresentar esta quarta-feira as estimativas económicas intercalares, revendo em baixa as perspectivas de crescimento do PIB das principais economias da Zona Euro, e em alta as previsões para a inflação.

O número dois do FMI, John Lipsky, considerou ontem que a economia mundial vai continuar a abrandar no segundo semestre deste ano mas vai acelerar progressivamente em 2009.

Na Zona Euro, sublinhou o número dois do FMI, o crescimento da economia deverá manter-se nos 0,75 por cento no quarto trimestre deste ano, passando depois para 1,50% no último trimestre de 2009.

Catroga afirma que «2009 vai ser pior que o 2008»

Contactado pela «Lusa», o economista Eduardo Catroga não teve dúvidas em afirmar que «o 2009 vai ser pior que o 2008» no toca à economia europeia. «Todo o impacto das restrições financeiras da economia europeia vai-se sentir na economia real com a maior intensidade em 2009», disse o antigo ministro das Finanças de Cavaco Silva.

O também ex-ministro das Finanças, Braga de Macedo, desvalorizou as previsões do FMI, considerando que actualmente «há muito nervosismo nos mercados, o que leva a que haja movimento que depois se revertem imediatamente». «Não sei se (a previsão do FMI) tem relevância de fundo acerca da evolução das economias, que estão claramente numa perspectiva recessiva», afirmou.

Já o economista e ex-líder parlamentar do PCP Octávio Teixeira considerou que «esta crise económica mundial se vai prolongar por vários anos». «A ideia do FMI de que em 2009 a economia mundial vai recuperar não é nova. Há estudos que apontam para uma ligeira recuperação económica em 2009 e o ponto alto da crise em 2010 e 2011», rematou Octávio Teixeira.