A justiça francesa abriu um inquérito contra o presidente da Federação Francesa de Futebol por assédio moral e sexual, informou nesta terça-feira o Ministério Público de Paris, citado pela AFP.

A investigação surge na sequência do depoimento de Sonia Souid, uma representante de vários jogadores internacionais franceses que na semana passada lançou várias acusações contra Noël Le Graët.

«Disse-me na cara, no apartamento dele, muito claramente, que se pretendia contar com a sua ajuda teria de ‘ir para a panela’ [expressão francesa, que significa, entre outras, a obrigatoriedade de aceitar um ato sexual]», revelou Souid, em entrevista ao diário desportivo L'Équipe e à rádio RMC.

O inquérito foi aberto menos de uma semana após a decisão do Comité Executivo de afastar o líder federativo, que entretanto foi substituído de forma interina pelo vice-presidente Philippe Diallo já depois de declarações sobre Zinedine Zidane que fizeram correr muita tinta desde o futebol ao setor político.

«É importante que o Comité Executivo da FFF avalie bem a situação, num momento de reflexão que o convido a ter», declarou Amélie Oudéa-Castera, ministra dos Desportos, antes da reunião do órgão federativo, assinalando que existem membros no seu seio com capacidade para «colocar esta federação no bom caminho».

A governante apontou ainda para algumas frases polémicas do dirigente em relação a fenómenos de racismo e homofobia no futebol, considerando que as mesmas «podem chocar as comunidades», além de prejudicarem a imagem de França.

Em comunicado enviado à AFP, Noël Le Graët nega todas as acusações, e fala em «numerosas interferências e pressões políticas», em especial por parte da ministra dos Desportos.

O presidente da federação francesa de futebol considera que as intervenções públicas de Amélie Oudéa-Castera «não respeitam os princípios fundamentais da separação de poderes, nem da presunção de inocência».

«Neste processo administrativo, manifestamente incriminatório, não foi dado ao senhor Le Graët, nem conhecimento dos elementos [acusações] que lhe dizem respeito, nem a oportunidade de se defender, o que é gravemente atentatório dos seus direitos», indica o comunicado.