O antigo presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, votou pelas 15h04 no ato eleitoral dos encarnados que decorre este sábado e, minutos depois, deixou a garantia de que nunca lesou nem roubou os encarnados.

«Ainda não consegui acabar o que pensei. A única coisa que quero adiantar a todos os benfiquistas é isto: não lesei nem nunca roubei o Benfica. O que se passou comigo é algo que não imagino o que será, mas há algo que sei: vou até às últimas consequências para recuperar a minha imagem», afirmou Vieira, em declarações à BTV.

«É uma questão grave. Sei que sou perseguido, hoje sinto-me como uma peça de caça em que alguém quer dar um tiro, mas não vou permitir, a mim nem aos meus, principalmente ao Benfica. O primeiro objetivo conseguiram: decapitar o Benfica, isso tenho a certeza. Sei para onde é que ia projetar o Benfica mais longe e acho que isso assustou muita gente», continuou.

Vieira falou depois de algumas «desilusões» que teve com pessoas dentro do clube e que nada fez «contra o Benfica».

«Há uma coisa que posso garantir a todos os benfiquistas: estarei sempre presente na altura em que seja próprio estar e quando achar que algum dia deva ter alguma intervenção mais profunda, vou tê-la. Há desilusões que tive, não vou esconder que tive desilusões com pessoas dentro do Benfica, depois da minha prisão e da maneira como me trataram a seguir, mas são coisas que um dia mais tarde hei-de esclarecer a todos os benfiquistas. Até final do ano, princípios de janeiro, irei falar para a família benfiquista toda e dizer o que sinto e aquilo que se passou comigo, ou o que pensam que querem que se passe comigo, que eu não vou permitir. Fui condenado na praça pública, mas não é na praça pública que sou condenado. Tenho lugar certo para defender-me e continuar de cabeça bem erguida», disse, ainda.

Vieira lembra Mário Dias e diz que está tudo «pago»

Nas palavras que se seguiram, Vieira lembrou a obra que Mário Dias, antigo vice-presidente do Benfica e considerado por muitos o «pai» do Estádio da Luz, deixou.

«Eu ouvia toda a gente mas costumava dizer que quem decidia era eu, porque os benfiquistas elegeram-me a mim. Fui eu o eleito. A democracia a mais neste clube faz mal (…) Mesmo que queiram esquecer-me não conseguem esquecer-me. Quem for à casa de banho tem de se lembrar de mim, quem se sentar numa secretária tem de se lembrar de mim, quem se sentar numa cadeira tem de se lembrar de mim, quem pisar o terreno tem de se lembrar de mim», assegurou Vieira.

«O Benfica tem uma dimensão mundial. Hoje toda a gente tem gabinetes, ar condicionado, coisas das quais não beneficiei muitos anos. Eu saí e nunca ninguém sentiu que eu saí. Ninguém sentiu pela minha saída, é final que fiz um bom trabalho. Infelizmente, fui afastado por um processo que não tenho nada a ver com ele. Vou provar que não tenho nada a ver com aquela brincadeira», apontou, também.

Ao mesmo tempo que Vieira falava à BTV, houve algumas movimentações no exterior, com a polícia a fazer um cordão e a dispersar alguns associados do Benfica.