Esta é a opinião da maioria dos analistas, consultados pela Lusa.
«Os dados da actividade deterioraram-se de forma pronunciada e mais do que o BCE esperava», avança o analista do BCP José Maria Brandão de Brito, pelo que os riscos de recessão subiram «bastante».
Ao mesmo tempo e apesar de a taxa de inflação ter atingido máximos desde 1992, as expectativas de inflação retraíram-se em Julho e os preços do petróleo e de outras matérias-primas baixaram, notou um analista do BES. Razão mais do que suficiente para manter a previsão de não mexer nas taxas de juro.
Em Julho, a taxa de inflação subiu para 4%, bem acima do objectivo de estabilidade de preços dos 2%.
«Existem suficientes sinais de abrandamento da actividade que diminuem a probabilidade de efeitos de segunda ordem (dos preços)», segundo Paula Carvalho, analista do BPI.
Por isso, o BCE deverá «gerir expectativas através apenas de declarações», preferindo «esperar para ver como evolui a actividade económica e os preços» nos próximos meses.
«Arrefecimento económico» é para continuar
O BPI, depois da subida de 0,25 pontos percentuais decidida em Julho, não espera que até ao final do ano o BCE volte a mexer nas taxas, pois prevê um prolongamento do «cenário de arrefecimento» económico.
O Banco Central Europeu «não se vai sentir confortável para descer as taxas», acrescentou o analista do BCP, já que os salários continuam a «acelerar de forma notória» e os efeitos de segunda ordem dos preços das matérias-primas ainda não estão esgotados.
A expectativa da generalidade dos analistas é a de que o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, faça um discurso semelhante ao do mês passado, mantendo a tónica nos riscos inflacionistas mas admitindo que os riscos para o crescimento da economia se intensificaram.
A próxima reunião do BCE está agendada para 4 de Setembro.
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