O juiz português que faz parte da Eurojust, António Cluny, foi acusado de conflito de interesses.

Segundo a Der Spiegel, o representante português no organismo europeu não declarou que o filho, João Lima Cluny, é associado do escritório de advogados Morais Leitão, que representa Cristiano Ronaldo, José Mourinho, Jorge Mendes e outros agentes do mundo do futebol em casos de justiça levantados pela divulgação de documentos pelo Football Leaks.

António Cluny rejeitou que exista um conflito de interesses entre a função que tem na agência europeia para combate ao crime organizado e as investigações em relação aos casos revelados pela plataforma.

«Não tive nenhuma intervenção nesses processos, apenas de relações públicas, explicando numa conferência de imprensa a posição portuguesa relativamente à cooperação judiciária nos casos que deram origem à reunião de coordenação na Eurojust», explicou o magistrado à Lusa.

António Cluny esclareceu que os processos «foram despachados por outro colega», assim como o mandado de detenção europeu de Rui Pinto, um dos «hackers» por detrás do Football Leaks que atualmente se encontra em prisão domiciliária na Hungria.

O magistrado afirmou ainda que o filho «não tem nenhuma procuração em nenhum dos processos» em investigação.

No entanto, segundo a investigação da Der Spiegel, João Lima Cluny enfrentou Rui Pinto num caso judicial em 2014, quando o «hacker» terá transferido dinheiro de um banco nas Ilhas Caimão para a sua conta privada, que terminou com um acordo extrajudicial.

A publicação alemã aponta ainda para a possibilidade de destruição de documentos pelas autoridades judiciárias portuguesas, lembrando que a França tem recorrido à colaboração de Rui Pinto para obtenção de informações sobre casos que envolvem a prática de vários crimes, como fraude fiscal, corrupção e branqueamento de capitais, entre outros.