Um ano após o final da carreira, Kaká decidiu passar em revista o seu percurso. Entre o início no São Paulo, à mudança para o AC Milan e a passagem por Madrid, o antigo internacional brasileiro abordou a relação com José Mourinho e deixou rasgados elogios a Cristiano Ronaldo.

Durante a passagem pelos merengues o médio brasileiro - Bola de Ouro em 2007 - admitiu que teve alguns «desentendimentos» com o técnico português mas sem nunca lhe faltar ao respeito.

«Não existe problema algum. Estive em Manchester num evento de um patrocinador, fiquei no mesmo hotel que Mourinho e estivemos duas horas a conversar. Tivemos alguns desentendimentos no Real Madrid, porque achava que tinha de jogar e ele pensava o contrário. Mas eram desentendimentos com respeito. Nem por uma vez disse que ia embora ou fiz declarações em relação ao treinador. "É uma escolha do mister, poderia ter outra. Acho que tenho possibilidade de jogar. Agora, tu é que estás a tomar decisões". Era a escolha dele. Aquela equipa era tão boa que era difícil argumentar. "Não vais jogar porque vai jogar o Ozil". Pensava que podia ser importante e jogar, mostrei-me sempre disponível. Mourinho é exatamente o que vemos na televisão», disse, numa longa entrevista ao canal brasileiro SporTV.

Kaká partilhou o balneário com alguns dos grandes nomes do futebol mundial, incluindo Cristiano Ronaldo. Durante quatro anos o antigo futebolista trabalhou com o português em Madrid, portanto conhece-o bem. E só tem elogios a fazer ao jogador da Juventus.

«O Cristiano é um cara fora de série. Diariamente é um tipo nota 10, muito atencioso com todos. Tem o jeito dele que todos entendem, vaidoso, mas dentro do balneário todos brincavam. É um tipo nota dez. Quando íamos fazer a pré-época para Los Angeles ele pedia para comprarem 15 telemóveis e distribuía por quem trabalhava no clube. Eram coisas básicas do quotidiano, mas que demonstravam o ser humano que ele é. (...) Cristiano ajudou-me muito, incentivou-me muito», referiu.

Por último o brasileiro de 36 anos confessou que Ancelotti foi o técnico que mais o marcou enquanto Maldini foi quem mais o influenciou.

«Ancelotti foi o treinador com o qual tive as melhores exibições. Tentava agradar a todos sempre a pensar na equipa. Por onde passa demonstra isso mesmo. E os jogadores jogam pelo treinador. Ancelotti faz os jogadores jogarem por ele. Maldini foi quem mais me influenciou. Era o capitão de equipa e quando cheguei a Milão, ele já tinha três ou quatro Champions. No entanto, a vontade com que Maldini treinava era igual todos dias. Ele sabia quando 'dar porrada' num jogador, no clube, na imprensa e até nos adeptos. Vi-o 'dar porrada' no treinador. Lembro-me que chegámos de Istambul [ndr: depois da final épica perdida para o Liverpool] ao mesmo tempo de que os adeptos. Mal entrámos no aeroporto, os adeptos começaram a contestar os jogadores. Maldini levantou-se, foi ter com eles e perguntou quem era o chefe deles. Foi ter com o líder, sentou-se com ele e disse-lhe 'viram o que fizemos, chega. Cada um para a sua casa'. A conduta que ele tinha influenciou-me», recordou.