O antigo futebolista Karel Poborsky relembrou o golo marcado a Portugal no Europeu de 1996, frisando que nunca sentiu «raiva ou ofensa» alheia por causa de ter eliminado a seleção lusa, cerca de um ano antes de ter chegado a Portugal para representar o Benfica.

«O João Pinto, o Paulo Madeira e outros [ndr: da seleção de Portugal em 1996] estavam no Benfica. Nós falámos e brincámos muitas vezes sobre o jogo, mas devo dizer que me ajudou. Foi o mesmo com os adeptos de Portugal. Eles sabiam quem eu era, que futebol eu jogava e nunca senti raiva ou ofensiva depois daquele golo», disse, em declarações à UEFA, a cerca de semana e meia do início de mais uma edição do Europeu.

O chapéu marcado aos 53 minutos de jogo a Vitor Baía, no Villa Park, em Birmingham, Inglaterra, a 23 de junho de 1996, valeu a qualificação dos checos para as meias-finais e eliminou Portugal da prova.

«Tenho de admitir que fomos tremendamente sortudos. Defendemos praticamente o jogo todo, estávamos pressionados, o Petr Kouba [ndr: guarda-redes] manteve-nos no jogo. O jogo todo foi praticamente jogado no nosso meio campo. Eles eram favoritos, uma equipa técnica. Tivemos momentos que foram de contra-ataque e um deles teve êxito», disse, ainda, recordando ao pormenor o golo.

«Quando o Nemec me passou a bola, havia ali uma disputa. A bola fez ricochete várias vezes, ficou atrás dos jogadores de Portugal e tive algum tempo para correr sozinho. Se fosse um para um, talvez tivesse acontecido de outra maneira. Foi uma sorte a bola ressaltar nesses jogadores e ficar para trás. O Baía estava longe [ndr: da baliza], a bola foi alta e ressaltou um pouco na relva. Foi mais um arremesso: peguei por baixo. Escolhi uma finalização técnica, como fui fazendo na minha carreira. Marquei dois ou três golos parecidos antes».

O checo de 49 anos diz que é «bom» esse golo ainda ser lembrado, mas que não é o que «define a sua carreira» desportiva como futebolista.