O primeiro-ministro irlandês, Brian Cowen, considerou este domingo que a rejeição do Tratado de Lisboa pelos irlandeses é um dilema que toda a União Europeia, e não apenas a Irlanda, deve resolver, escreve a Lusa.

«Quero que a Europa contribua com algumas soluções em vez de considerar isto como um problema da Irlanda, embora admita que a Irlanda está numa situação que vamos ter de resolver», declarou Brian Cowen à rádio irlandesa RTE.

O primeiro-ministro irlandês classificou a vitória do «não» como um «doloroso dilema» para a Irlanda e para a toda a Europa e afirmou que quer garantir que a Irlanda não vai ficar diplomaticamente isolada na cimeira europeia desta semana.

«A minha função é assegurar que os nossos interesses não são lesados, que são tidos em conta, defendê-los. É tentar encontrar soluções que no imediato não me parecem evidentes», disse.

Afirmando a sua convicção de que o futuro da Irlanda está no «coração da Europa», o primeiro-ministro irlandês afirmou que vai reunir-se «com um sentido de solidariedade e cooperação» com os restantes membros da União Europeia (UE) para avaliar qual o caminho a seguir.

Nova votação para salvar Tratado de Lisboa

Culpa do «Não» é do primeiro-ministro

«É claro que se as coisas ficarem como estão, o Tratado de Lisboa não pode ser ratificado. É essa a posição constitucional irlandesa», disse Cowen, referindo-se à imposição constitucional irlandesa de que todos os tratados internacionais têm de ser referendados.

Os ministros dos Negócios Estrangeiros da UE têm segunda-feira, no Luxemburgo, a primeira ocasião de avaliar conjuntamente as consequências do «não» irlandês ao Tratado, antes da cimeira de chefes de Estado e de governo da UE de quinta e sexta-feira em Bruxelas.

Desde que foram conhecidos os resultados do referendo de quinta-feira na Irlanda, onde o «não» venceu com 53,4 por cento dos votos, os vários dirigentes europeus têm defendido a continuação do processo de ratificação do Tratado de Lisboa nos oito países que ainda não o fizeram: Bélgica, Chipre, Espanha, Holanda, Itália, Reino Unido, República Checa e Suécia.

Para que possa entrar em vigor, o Tratado Reformador da UE, ou Tratado de Lisboa, tem de ser ratificado por todos os 27 Estados-membros que, à excepção da Irlanda, optaram pela ratificação parlamentar.

A Irlanda, constitucionalmente obrigada a referendar quaisquer tratados internacionais, rejeitou quinta-feira em referendo o Tratado de Lisboa com 53,4 por cento de votos contra e 46,6 por cento de votos a favor.