Nicolò Fagioli vive um drama pessoal, profissional e judicial. O médio da Juventus, de 22 anos, foi o primeiro implicado no novo escândalo de apostas ilegais em Itália. Esta quarta-feira foi ouvido pela Procuradoria Federal, em Turim, e revelou detalhes das dívidas acumuladas, da forma como começou o vício do jogo e como chegou ao ponto em que se encontra.

Tudo terá começado ainda nos primeiros anos de carreira, quando tinha «muito tempo livre» e resolveu experimentar o mundo das apostas. «Comecei a apostar nos treinos da seleção nacional de sub-21», disse o jogador à procuradora, citado pelo jornal Gazzetta Dello Sport.

De passatempo a vício, o processo foi rápido. Fagioli admitiu que depressa começou a acumular dívidas e revelou que há cerca de seis meses passou o pior momento, quando até foi visto a chorar depois de ser substituído num jogo com o Sassuolo. Explicou agora que as lágrimas se deviam às dívidas acumuladas.

O jogador revelou que já em setembro do ano passado foi aconselhado pela mãe a procurar ajuda para o problema do jogo. Na altura devia cerca de 250 mil euros.

O internacional italiano, no entanto, traça uma linha: nunca falseou ou influenciou resultados por causa das dívidas, apesar de lhe terem proposto, por exemplo, que visse cartões de propósito. Garantiu às autoridades que rejeitou sempre fazê-lo. De resto, disse que nunca apostou em jogos das equipas em que jogou, Juventus ou Cremonese.

A verdade é que as dívidas aos diversos sites de apostas chegaram aos milhões de euros – o jogador especificou às autoridades as quantias, sendo que as mais elevadas eram devidas a plataformas ilegais – e chegou a receber ameaças físicas.  

«Vou partir-te as pernas», foi uma das frases que terá ouvido e que relatou à procuradora de Turim. Na altura, acreditava que estava a jogar «para recuperar a dívida».

Fagioli revelou ainda que chegou a pedir dinheiro emprestado a colegas de equipa, dizendo que queria comprar um relógio de luxo, mas tinha as contas bloqueadas pela mãe.