Depois da eliminação da Taça de Itália contra a Lazio, José Mourinho defendeu-se das críticas e lembrou que a Roma está na luta pelo acesso à Liga dos Campeões contra equipas «mais fortes».

«Quero ser sempre leal e correto para com a Roma, é o meu dever. As minhas palavras são objetivas neste momento. Não sei quantos dérbis joguei, 150 ou 200, e foram sempre jogos especiais. Sempre entendi o que representava para os adeptos do Chelsea defrontar o Arsenal e que para os adeptos do Inter que jogar contra a Juve não é o mesmo que contra a Roma. Ganhei dérbis e o que vencemos, foi uma humilhação porque aos 20 minutos estava 3-0. Os dérbis que perdemos foram sempre por detalhes ou com um erro nosso ou do árbitro. Mas demos sempre tudo e saímos de cabeça erguida. Apesar de alguns jogadores terem capacidade para dar mais, acabámos o jogo com duas oportunidades para empatar. O orgulho de ser da Roma está presente, mas em campo que as pessoas percebem. Percebo que os adeptos não estejam satisfeitos, mas é preciso ver o contexto», começou por dizer em conferência de imprensa.

«(...) Vivemos dois períodos complicados: nos primeiros três jogos do campeonato, somámos um ponto. Não tínhamos jogadores disponíveis e perdemos oito pontos. Atualmente, estamos a quatro pontos dos lugares de Champions. No segundo jogámos contra Fiorentina, Atalanta, Lazio, Juve e AC Milan com um pequeno grupo de jogadores. Quem não perceber as dificuldades... Critiquem quem quiserem, mas esquecerem-se das dificuldades é uma loucura. Mesmo o jogo que ganhámos contra a Cremonese, como é que ganhámos? Kristensen jogou a defesa, Mancini jogou lesionado e fora de posição, Hujsen é uma criança e o Llorente talvez consiga jogar amanhã [domingo]. Não é correto ignorar isto. Não há comparação com as equipas que terminaram nos quatro primeiros lugares, mas somos a Roma, temos os adeptos mais incríveis que vi na minha vida e um treinador cujo nome pensam que é José Harry Mourinho Potter e por isso aumentam a exigiência e a expetativa, mas a verdade é que estamos a lutar por algo muito complicado», acrescentou.

O técnico português admitiu ainda que Dybala está em dúvida para o jogo contra o AC Milan, em San Siro, e aproveitou para falar... do Man. City e de Guardiola. «Jogar sem o Dybala não é o mesmo que o Guardiola jogar sem o Haaland porque tem o Álvarez. Temos muitas limitações por causa do fair-play financeiro. E podemos vê-las em campo, não há como esconder. A Roma fez um esforço financeiro para ter o Smalling, perdeu-o e não pode contratar outro, o mesmo acontece com o Renato. Dybala é um jogador especial que nos últimos anos jogou com jogadores especiais e onde ele podia não jogar que existiam outros. Aqui não há», defendeu.

Por último, o «Special One» comentou ainda as notícias que davam conta de que teria faltado a um treino com autorização da direção do clube. 

«Estou aqui há dois anos e cinco meses e sou o único que nunca faltou a um treino. Para mim não há doenças, mau humor, acordar cedo ou tarde. Há duas semanas era o único que estava aqui a trabalhar porque estavam todos doentes. Há um mês precisei de um dia, expliquei aos donos e ao diretor Tiago Pinto. Numa fase apertada do calendário, definimos o dia certo e depois de um jogo que jogámos a uma quarta-feira, estive fora de Roma durante 14/15 horas. É ridículo ter de justificar-me. Se há alguém que é um exemplo de profissionalismo, esse alguém sou eu: em 23 anos, nunca falhei um jogo, nunca estive doente. Não me parece dramático o treinador não ter estado num treino de recuperação depois de ter recebido autorização dos donos», concluiu.

O Milan-Roma joga-se este domingo, às 19h45, em San Siro.