[Última actualização às 15h06]

Centenas de milhares de pessoas juntaram-se no funeral da líder da oposição paquistanesa Benazir Bhutto, assassinada esta quinta-feira. A antiga primeira-ministra foi sepultada na sua terra natal, na província de Sindh, sul do Paquistão, ao lado do seu pai Zulkifar Ali Bhutto, também ele um antigo chefe de governo, executado pelo ditador Zia ul-Haq, em 1979.

A chegada da urna ao mausoléu da família, onde estão ainda o seus quatro irmãos (três deles assassinados) registou-se às 11h00 (hora de Lisboa), onde se aglomerou a multidão, que chegou em tractores, autocarros, carros e veículos todo-o-terreno.

O caixão, com a bandeira do Partido Popular do Paquistão (PPP) por cima, furou por entre a multidão dentro de uma ambulância, depois de um breve viagem de 7 quilómetros entre a casa da sua família e o cemitério de Garhi Khuda Bakhsh.

Além dos milhares de apoiantes, a despedida de Benazir Bhutto foi acompanhado de perto pelo seu marido e pelos seus três filhos.

Fora do mausoléu ouviram-se cânticos e palavras de ordem, apontando culpas ao presidente do país, Pervez Musharraf, pela morte da líder política. Esta havia responsabilizado o chefe de Estado, caso alguma coisa lhe acontecesse.

O seu desaparecimento em Rawalpindi, num atentado cometido durante um comício eleitoral, em que morreram outras 20 pessoas e 56 ficaram feridas, colocou o país perante uma crise política, com eleições legislativas agendadas para o dia 8 de Janeiro, a que Bhutto era candidata.

O primeiro-ministro paquistanês, Mohammedmian Soomro, já disse que a data do escruínio se iria manter para esta data, mas a oposição já pediu o seu adiamento.

Em várias cidades paquistanesas, a tensão é visível nas ruas, com manifestações e incidentes violentos que já provocaram a morte de várias pessoas.

Um novo atentado no noroeste do país vitimou um candidato local do partido do presidente do país, Pervez Musharraf, e outras cinco pessoas, no Vale do Swat.

Violência faz 23 mortos

A polícia recebeu autorização para disparar, se necessário, contra manifestantes que provoquem tumultos. Pouco depois, era noticiado que na cidade de Hyderabad esta ordem era executada, com pelo menos cinco pessoas a ficarem feridas.

No último balanço das autoridades paquistanesas, pelo menos 23 pessoas já morreram entre elas três polícias, desde a morte de Bhutto, na sequência de incidentes violentos. A província de Sindh é a mais problemática, com 16 mortos.

Em Carachi, capital comercial do país, grande parte das lojas estão fechadas, as ruas desertas, com patrulhas policiais nas ruas. Porém, no leste da cidade, cerca de duas mil pessoas invadiram uma esquadra da polícia, incendiaram-na e roubaram armas do seu interior.

Atentado atribuído a Al Qaeda e talibãs

Na sua última declaração, o governo paquistanês atribuiu a autoria do atentado contra Bhutto à Al Qaeda e aos talibãs. «Temos provas de que a Al-Qaida e os talibãs estiveram por detrás do ataque-suicida contra Benazir Bhutto», disse o ministro do Interior do Paquistão, Hamid Nawaz, à agência Associated Press.

O governo decretou três dias de luto nacional pela morte daquela da primeira mulher a dirigir um país muçulmano, quando se tornou primeira-ministra, em 1988. Tinha 35 anos.