Vários clubes europeus fizeram negócios com equipas russas de uma forma que pode ser considerada uma violação das sanções impostas pela União Europeia, na sequência da invasão da Ucrânia.

É essa a conclusão de uma investigação jornalística internacional, coordenada pela plataforma dos Países Baixos ‘Follow the Money’ – que conta com jornais como o Le Monde, Die Standard ou El País – que foi divulgada esta terça-feira.

Um dos clubes implicados é o Salzburgo, adversário do Benfica na última jornada da Liga dos Campões. O clube austríaco negociou com o Akhmat Grozny, liderado pelo presidente da Chechénia, Ramzan Kadyrov – uma das personalidades abrangidas pelas sanções europeias e americanas - já depois do início da guerra.

Ao todo, a investigação aponta 28 equipas europeias e 30 transferências de e para clubes russos, apesar de as sanções proibirem negócios com indivíduos ou empresas próximas de Vladimir Putin, presidente da Rússia, ou simplesmente depositar mais de 100 mil euros em qualquer entidade russa.

Dessas transferências, 18 foram contratações que trouxeram jogadores para o espaço europeu a troco de um total de 66 milhões de euros.

O caso evidente do Dínamo de Moscovo

O caso do Dínamo de Moscovo é claro: o clube é detido pelo banco VTB Bank, a segunda maior instituição financeira do país. É um banco maioritariamente público e está sancionado pela União Europeia e pelos Estados Unidos.

Apesar disso, vendeu jogadores a clubes de Espanha e de Itália. Os futebolistas são Arsen Zakharyan (Real Sociedad, 13 milhões de euros) Saba Sazonov (Torino, 2,75 milhões) e Nikola Moro (Bolonha, 2,5 milhões).

A investigação detetou transferências com clubes detidos por bancos estatais, companhias petrolíferas, milionários, oligarcas ou mesmo o já citado presidente da Chechénia, Ramzan Kadyrov.

Os negócios com clubes russos já foram denunciados em ocasiões anteriores - como quando Paulo Fonseca, treinador do Lille, apelou ao Benfica e ao Sporting de Braga que não contratassem jogadores vindos do país – mas esta investigação aponta especificamente para negócios que violam as sanções impostas pela União Europeia e pelos Estados Unidos.