O presidente da Liga espanhola de futebol, Javier Tebas, acusou esta quinta-feira a FIFA de estar por trás do projeto da Superliga europeia, apontando ao organismo, mas também aos três clubes resistentes (Real Madrid, Barcelona e Juventus) de quererem destruir o valor criado pelo futebol durante mais de 50 anos.

«O que estou a dizer agora, que a FIFA estava por trás de tudo isto, não sou eu a dizê-lo, são os próprios clubes», apontou Tebas, que discursou na abertura da Plataforma de Aconselhamento de Clubes (CAP) das Ligas Europeias, em Madrid, advertindo que a competição não está morta, apesar da desistência de nove dos 12 clubes fundadores (Liverpool, Arsenal, Manchester City, Manchester United, Tottenham, Chelsea, Milan, Inter de Milão e Atlético de Madrid).

«A Superliga já acabou? Não! Se entendermos a Superliga como um formato de 15 clubes mais cinco convidados, fechado, que substitui a Liga dos Campeões, esse formato está morto. Mas a Superliga não é um formato, é um conceito que começou há 20 anos com a criação do G14. É um sonho de presidentes de alguns clubes como o Real Madrid», advertiu Tebas, que rotulou os presidentes dos três clubes ainda dentro do projeto (Florentino Pérez, Joan Laporta e Andrea Agnelli) como «três náufragos».

Antes, Tebas convidou a leitura de notas de imprensa da FIFA que, «antes do Congresso da UEFA», falavam de um «projeto de Superliga fora do sistema», o que «não significava que estivesse contra um projeto fechado, mas fora do sistema». «Chamo a atenção para as palavras de Gianni Infantino. Ele responde que ‘há muitos rumores, mas eu reúno-me com quem quero, para ouvir todas as opiniões e ideias novas’. Não negou que se reuniu com os clubes da Superliga porque não pode, há provas. Agora, o que faz é transformar isto num relato favorável, mas a lealdade dele tem de ser para com a UEFA e as competições nacionais», criticou o dirigente.

«O que se tentou fazer foi muito grave. Foi um golpe de Estado contra o futebol europeu, na cabeça da UEFA, contra as competições europeias, sem conhecer os estatutos, as normas, as regras. É muito grave o que se pretendeu», considerou, agradecendo à «Premier League e aos seus adeptos», a oposição manifestada contra a Superliga desde o primeiro instante, que «foi onde esteve a liderança para parar o modelo».

Depois de Tebas intervir, foi exibida uma mensagem em vídeo do presidente da UEFA, Aleksander Ceferin, que comparou o projeto da Superliga com o novo coronavírus, que provoca a covid-19, na forma como tentou «separar» os clubes europeus. «Não nos parece que o vírus seja diferente da tentativa de alguns para separar o futebol. Não sei se a nossa sociedade vai voltar a ser como antes, mas sei que nós, na UEFA, damos agora muito mais valor à importância da união no futebol europeu», observo Ceferin.

A CAP reuniu esta quinta-feira, em Madrid, por teleconferência, os líderes de várias ligas nacionais e clubes europeus, para debater temas como a Superliga europeia, as competições profissionais e a sustentabilidade dos clubes e futebol profissional.