Presidente do Barcelona bateu com a porta e à saída provocou um pequeno terramoto no futebol europeu. Tudo porque deixou cair uma informação sensível e tratada como sigilosa pelos clubes de elite: a criação de uma Superliga Europeia.

Documentos revelados pela plataforma Football Leaks, há um par de anos, já revelavam os planos dos gigantes do futebol do Velho Continente para avançarem para uma competição fechada, sem descidas ou subidas, ao estilo do que acontece com as ligas norte-americanas como a NBA (basquetebol), NFL (futebol americano), MLB (basebol) ou até MLS (futebol).

Há uma semana, um Sky News explicava em pormenor as ambições de Manchester United e Liverpool, ambos detidos por proprietários norte-americanos, para avançarem para esta nova competição.

No entanto, as palavras de Josep Maria Bartomeu, ontem aquando da sua demissão do Barça, trouxeram o assunto para a ordem do dia sobretudo na imprensa espanhola, que detalha as linhas gerais da nova competição que, segundo o diário As, «deixou de ser um projeto para vir a ser realidade».

Consultando as distintas versões, o Maisfutebol responde ao que é possível saber sobre a nova competição.

Qual será o modelo da Superliga Europeia?

Os grandes clubes europeus estudam a nova competição, que poderá começar já em setembro de 2022 e replicará o modelo das ligas americanas ou do que acontece no Velho Continente com a Euroliga de basquetebol.

Terá entre 16 a 18 clubes participantes, com um calendário duas voltas e uma «final 8» a disputar numa cidade ou país sede – à semelhança do aconteceu em Lisboa na última edição da Liga dos Campeões.

Que clubes farão parte da nova competição?

Não são muitos os que já aderiram de forma decidida ao projeto, como fez o Barcelona. Em Espanha, além do Barça, Real Madrid e Atlético de Madrid são os clubes sondados. O Atlético vêm com bons olhos a sua entrada, mas o Real é mais cauteloso em tomar posição pública. Em Inglaterra, apontam Manchester United, Manchester City e Liverpool como futuros participantes, além de Bayern na Alemanha e Milan e Inter em Itália, não se sabendo a posição por exemplo da Juventus.

Como se sustentará a Superliga?

O apoio financeiro da European Premier estaria garantido por um crédito de cinco mil milhões do banco norte-americano JP Morgan. O vencedor da prova receberia mil milhões de euros. A título comparativo, a atual Champions reparte cerca de dois mil milhões de euros mas pelas 32 equipas que chegam à fase de grupos. Em 2019, o campeão europeu Liverpool terá arrecadado 111 milhões de euros entre prémios e receitas comerciais.  

Que competições já existentes serão afetadas?

Os clubes continuariam a disputar os campeonatos internos, mas a nova Superliga afetaria a Liga dos Campeões e a Liga Europa, que deixariam de contar com os colossos. Está em aberto a possibilidade de a nova competição jogar-se ao fim de semana, o que colidiria com as datas das competições internas e levaria a conflitos de calendário.

Qual a resposta da UEFA?

Fonte da UEFA reafirmou esta quarta-feira à France Press a sua oposição à Superliga, salientando que «os princípios de mérito e solidariedade das ligas abertas não são negociáveis». A UEFA apresentará um novo modelo de Liga dos Campeões que multiplicaria os prémios das equipas que alcancem a fase final da competição.

Qual o papel da FIFA?

Segundo uma notícia da Sky, a entidade estaria envolvida no desenvolvimento da prova. Porém, publicamente, a única posição conhecida pela FIFA foi um comunicado a demarcar-se dessas movimentações.

Que entraves legais existem?

A falta de acordo com a UEFA e com a FIFA poderá provocar um sério entrave à Superliga. Isto porque os árbitros, regulamentos e estatutos dos jogos oficiais dependem entidades que regem o futebol europeu e mundial. Em caso de cisão, a nova Superliga terá de ter os próprios árbitros, regulamentos, comité disciplinar… Ou seja, implica uma mudança bem mais profunda.