Jorge Jesus deu há dias uma entrevista ao «L´Équipe», publicada esta quarta-feira, dia do jogo com o Paris Saint-Germain, na segunda jornada da fase de grupos da Liga dos Campeões.

Na conversa com o enviado-especial do jornal francês, o treinador do Benfica reforça algumas ideias ditas no passado, como «as equipas que contam são as que vão a finais», que sente ter «mais opções no plantel» do que no ano anterior e que «a pressão no Benfica não pode ser maior».

Durante o artigo, Jesus reconhece ainda que teve de ficar com Oscar Cardozo no plantel porque o clube não o conseguiu vender: «Os treinadores têm de entender que só importa o interesse do clube. Cardozo marcou muitos golos pelo Benfica, é um jogador muito importante. O clube não conseguiu a venda. OK, ele fica, avançamos. Falámos, como duas pessoas responsáveis.»

O técnico também considera que os jogadores estavam alterados, afectados, na final da Taça de Portugal com o V. Guimarães, e por culpa disso mesmo perderam o encontro: «Pensávamos que íamos ganhar. Já lhes tínhamos ganho no campeonato por 4-0 e 3-0, mas os jogadores não estavam bem. Para viver derrotas tão marcantes é preciso chegar lá, às finais. Por exemplo, o PSG para ver o seu trabalho reconhecido tem de lá chegar: às finais! Em futebol, as equipas que contam são as que vão às finais.»

Jesus tem mais uma ou duas afirmações curiosas. O treinador sublinha que existe uma escola portuguesa de treinadores e que os seus métodos, bem como o de outros portugueses, têm sido imitados. «Sim, há uma escola. Temos uma metodologia de treino fina, precisa, que muitos treinadores do mundo tentam imitar. Como eles, não me limito à técnica ou à tática. Se não temos uma ideia bem precisa nas nossas cabeças, se nos contentarmos com o que fazemos em campo, não teremos uma carreira longa.»

«Tenho algo de que me orgulhar: tenho resultados, os meus dirigentes estão contentes comigo», assinala ainda Jesus quando questionado com o tempo que já leva ao comando dos encarnados, «um dos grandes clubes do mundo», em que a «diferença para Barcelona e Real Madrid está apenas no dinheiro».

O nome do técnico é motivo também de perguntas. Será um fardo? «Para vós, jornalistas, é uma benção. Se a minha equipa ganha é um milagre, se perde sou crucificado. E ao terceiro dia posso ressuscitar. (...) Mas na verdade não sei de onde vem este nome que me deram os meus antepassados.»

O «L´Équipe» guarda a parte final da página para uma análise aos resultados do Benfica, com o título dedicado a Jesus: «Já em perigo...» O jornalista não acredita que uma derrota com o PSG provoque o despedimento, mas alerta que pode tornar ínfima a margem de segurança do treinador depois do mau arranque na época e da polémica intervenção do mesmo em Guimarães, quando se interpôs entre a polícia e um adepto.