José Mota foi o primeiro treinador a abandonar o banco, na época 2013/14.

Houve tempos em que Portugal parecia o Brasil, onde são raros os treinadores que aquecem o lugar, encurralados entre constantes jogos, adeptos apressados e dirigentes fracos.

Hoje em dia, por cá, as coisas estão um pouco mais lentas.

Mesmo assim sucedem casos como este, de José Mota.

Como em todas as relações, só quem as vive é que sabe exatamente o que se passa. Mas visto de fora não faz qualquer sentido.

Apesar de ter apenas 49 anos, José Mota é treinador quase há duas décadas. Podemos achar o que quisermos das suas equipas, mas normalmente cumpre os objetivos, que nunca são ambiciosos. Depois de uma vida em Paços de Ferreira, andou por Leixões, Belenenses e Vitória de Setúbal, todos clubes históricos que já tiveram melhores dias.

O clube sadino sobrevive há vários anos com plantéis de duvidoso equilíbrio, refém de anos de gastos sem sentido e dívidas acumuladas. Este ano voltou a formar um grupo com muitos jogadores jovens e estrangeiros sem história. O paraguaio Cardozo é a única estrela da equipa, mesmo assim um ponta-de-lança que precisa de volume de jogo, coisa que os colegas de meio-campo e das alas não são capazes de lhe fornecer.

Esta era a terceira época de José Mota no clube. A sua forma de trabalhar deveria ser por demais conhecida. Foi construído um plantel e feita uma aposta. Sete jornadas depois o Vitória está a fazer aquilo que seria legítimo esperar: luta para não descer. E o treinador vai embora, sem qualquer explicação plausível.

Faz sentido?

Nunca perceberei como se muda assim de opinião e de liderança.