Comecemos pelo mais invulgar: oito vencedores, oito derrotados, nenhum empate no arranque da Liga. Uma coisa assim já não acontecia há 41 anos, desde a primeira jornada da temporada 1972/73.

Outra raridade da última década: Sporting na liderança, algo que não sucedia há precisamente seis anos, desde a jornada inaugural da temporada 2007/08. Aliás, desde que os leões conquistaram o título nacional pela última vez, em 2002, a liderança só aconteceu por cinco vezes. E se a equipa de Leonardo Jardim a mantiver ao cabo da segunda ronda, conseguirá o melhor registo nesse particular na era pós-Boloni, já que Fernando Santos (uma jornada em 2003/04), José Peseiro (duas, intercaladas, em 2004/05) e Paulo Bento (uma em 2007/08) nunca tiveram duas semanas seguidas no topo da tabela.

Na goleada do Sporting ao Arouca, outra raridade: o hat-trick de um estreante na Liga, o colombiano Freddy Montero. Algo que não acontecia há três anos, desde que o vimaranense Marcelo Toscano se apresentou aos adeptos portugueses com três golos na Choupana, ao Nacional. E por falar em golos, venha daí outra raridade: 26 nesta primeira ronda, média superior a três por jogo. Melhor, só há 17 anos, no arranque da temporada 1996/97: 34 em nove jogos.

Menos rara (nada rara, mesmo, atendendo aos últimos nove anos) a estreia falhada do Benfica na Liga. E a série já vai em três derrotas e seis empates no arranque, desde que a equipa de Trapattoni conseguiu vencer o Beira-Mar, em 2004/05. Uma tradição que Jorge Jesus continua a não quebrar, ele que soma três empates e duas derrotas nos seus cinco inícios de temporada pelos encarnados.

A raridade existe, sim, no facto de o Marítimo vencer o Benfica nos Barreiros: para a Liga, isso não acontecia há mais de onze anos, desde maio de 2002. Daí para cá, havia oito vitórias encarnadas e três empates. Mas, lá está, ainda não tinha havido um Marítimo-Benfica na primeira jornada.

Numa ronda com várias curiosidades avulsas, o hat trick de Montero ofuscou outra estreia com impacto (Maazou, autor do bis que deu o triunfo ao V. Guimarães) e ainda os dois golos de Evandro, primeiro médio a bisar na Liga, e um dos grandes responsáveis pela reviravolta do Estoril, a primeira da prova.

Destaque para a entrada falhada dos dois promovidos, Belenenses e Arouca, que se mantêm nos lugares da cauda. Os azuis do Restelo assinam mesmo a pior entrada em cena dos últimos 11 anos: desde o Penafiel, em 2004, que nenhuma equipa entrava na Liga a perder em casa por três golos.

Goleado em Alvalade, o Arouca apresentou a curiosidade de jogar de início com dez portugueses, enquanto Benfica (um) e F.C. Porto (dois) estão no extremo oposto. O primeiro golo da Liga coube a um central, Paulo Vinicius (há um ano tinha sido Steven Vitória) no jogo que assinalou o fim do enguiço do Sp. Braga diante do Paços de Ferreira, a equipa que na época passada lhe retirou o estatuto Champions. Os pacenses, em vésperas de estreia na mais importante prova de clubes, entram na Liga 2013/14 como tinham saído da anterior: a perder, 0-2, com um adversário que, pelo menos nesta sexta-feira, pareceu claramente acima das suas possibilidades.

O romeno Mladen, do Olhanense, teve o duvidoso privilégio de protagonizar a primeira expulsão da Liga, sendo o seu exemplo seguido por Draman, do Gil Vicente (primeira equipa a ganhar com um homem a menos) e, depois, por Kieszek, do V. Setúbal.

O lance protagonizado pelo polaco e por Josué terá sido a única nota invulgar na última de três reviravoltas da ronda, a vitória do F.C. Porto em Setúbal: foi a 14º consecutiva para os dragões no Bonfim, onde não perdem desde 1983. A arbitragem de João Capela esteve no centro das críticas de José Mota, e alimentou a discussão nas redes sociais, nas horas seguintes. E, aqui, não houve, mesmo, qualquer vestígio de raridade.