A Figura: Luis Díaz

Está feito um senhor jogador. A equipa sabe-o, o público também, os adversários igualmente. Quando a bola vai para os pés de Luis Díaz o estádio estremece e o seu marcador direto fica de cabeça em água, quando não chega a dobra. Hoje, atirou ao poste aos 5m, fez explodir o Dragão de alegria aos 65m, entre uma coisa e outra fez gente vibrar a cada toque na bola ou a cada dividida. Díaz é um sobredotado, um repentista Chaplinesco. Díaz é a «alegria do povo», como que inspirado nos pára-arrancas de Garrincha. Díaz é um craque que brotou da poeira dos baldios de Barrancas e que hoje joga como um príncipe nos mais frondosos relvados da Europa. Uma vénia para ele.

--

O momento: minuto 65. Uma explosão de alegria

Taremi falhou, falhou e voltou a falhar. Até que quando parecia que ia falhar de novo abriu uma nesga para Luis Díaz descobrir o caminho da baliza. Tudo num lance que começa numa boa jogada de João Mário sobre a direita. Um golo, uma explosão de alegria. Deviam ser algumas mais para fazer jus ao que o FC Porto jogou esta noite.

--

Outros destaques:

Taremi

Não foi uma, nem duas, nem três… De cabeça, de trivela, de qualquer feitio, o iraniano tentou uma e outra vez visar a baliza do Milan, mas não era a sua noite. Uma maldição, que acabaria por ser contornada aos 65m com Díaz a escrever direito pelas linhas tortas com que Taremi se coseu esta noite. Saiu aplaudido aos 84m, pelo esforço que o fez estar sempre a farejar o golo sem nunca lhe poder tocar.

Uribe e Sérgio Oliveira

Será esta a mais abissal diferença para o jogo com o Liverpool. Esta noite, o meio-campo portista carburou. E com duas excelentes exibições. Sérgio Oliveira viu o cartão amarelo aos 5m e aguentou mais de uma hora numa zona nevrálgica sem cometer erros. O mesmo para Uribe, amarelado também ao intervalo, que fez um jogo de mão cheia até final. A controlar o  

Mbemba e Pepe

Outras duas grandes exibições. O congolês regressou à equipa e no 100.º jogo pelo FC Porto mostrou-se implacável tanto com Giroud como com Ibrahimovic, que acabou por lhe abrir a cabeça num lance perigoso já perto do fim. O mesmo vale para Pepe, que desde lá de trás voltou a ser líder. Mas Pepe tem uma condição diferente: até prova em contrário, é eterno.

Otávio

Uma exibição de «faca nos dentes». O internacional português serviu uma mão cheia de vezes Taremi e também tentou visar a baliza de Tatarusanu. Esteve perto do golo por três vezes, uma delas aos . Sem bola, foi impressionante como batalhou por cada bola dividida ou como pressionou alto, obrigando o Milan a errar.

--

Rafael Leão

Brilhou? Não. Mas de cada vez que a bola chegava aos seus pés, os adeptos portistas ficavam em sentido. O ex-Sporting, que até já marcou num clássico no Dragão, era o principal desequilibrador que Pioli tinha à disposição. Sobre a esquerda, causou frisson a cada drible, mas não passou disso.

Ibrahimovic

Jogou meia-hora, tocou poucas vezes na bola, arriscou um vermelho numa entrada perigosa sobre Mbemba, mas, caramba, é Zlatan. Aliás, é um Zlatan vintage, com 40 anos. É como um clássico. Basta passar-nos à frente dos olhos para virarmos a cabeça.