O alarme tocou tarde, mas o dragão chegou a tempo. A tempo, pelo menos, de picar os três pontos e cumprir a obrigação. Sem o brilhantismo de outros dias, sem a inspiração de noites mais apelativas, mas a cumprir os níveis de exigência mínimos.

Pelo menos durante algumas horas, os campeões nacionais voltam a liderar a Liga. Agora tem a palavra o Benfica, no dérbi contra o Belenenses.

Dizíamos, pois, que a equipa de Sérgio Conceição despertou fora de horas para o jogo. A imagem não é excessiva. Basta lembrar que o Feirense mandou no jogo no primeiro quarto de hora e até teve a audácia de liderar o marcador, numa infelicidade/erro de Felipe. Autogolo e FC Porto atrás do prejuízo.

FICHA DO JOGO E A PARTIDA AO MINUTO

Com os ponteiros da exigência a tornarem longa a espera, o FC Porto começou a espreguiçar-se por volta do quarto de hora e tomou conta do jogo e do score com dois golos nascidos em lances de bola parada.

O primeiro é um cabeceamento fortíssimo de Danilo depois de um canto de Corona e o segundo, mais complexo, é bastante semelhante ao que Pepe marcou em Tondela. O internacional português repetiu o feito, após um pontapé forte de Alex Telles e um bloqueio do muro azul feirense.

Ora, aos 35 minutos a reviravolta estava consumada e o mais difícil tinha sido conseguido pelo FC Porto. O Feirense já chateava menos, os dragões já geriam a posse de bola e a noite caminhava para um sossego que até aí nunca existira.

O problema é que as pernas dos 11 titulares do FC Porto vinham pesadas de uma noite europeia exigente. 120 minutos para muitos. Mesmo assim, Conceição não mudou uma única peça, certamente convencido que a resposta ia ser forte.

DESTAQUES DO JOGO: o despertador do senhor comendador

Em alguns períodos foi, é verdade, mas o avançar do cronómetro e uma segunda parte confusa só ajudaram a que o Feirense acreditasse que podia acabar com pelo menos um ponto.

Pepe, aos 89 minutos, não deixou. Crivellaro surgiu em posição de golo e o central fez um corte milimétrico, a evitar males maiores. Logo a seguir, Briseño rematou à meia volta e a bola saiu a rasar o poste direito de Casillas.

Duas aflições para o dragão campeão nacional, que não se pode dar ao luxo de voltar a falhar na Liga.

Ganhou, voltou para a frente, mas sabe que só fez o essencial. Como se fosse um funcionário público diligente, ainda que com hora de saída marcada para as cinco e pouco interesse em sorrir.

O Feirense fez o melhor jogo no reinado de Filipe Martins. Ironicamente, entra com esse mesmo jogo na história do futebol português. E pelos piores motivos, ao conseguir o que nunca antes algum clube fizera: 23 jogos seguidos sem ganhar no campeonato.