A FIGURA: Alex Telles

O fado é de Coimbra, terra de Sérgio Conceição, mas aplica-se a um dos seus mais preciosos «anéis». Telles estará de saída para o Manchester United, mas na hora da despedida quis mostrar o porquê de rumar a um dos colossos da Premier League e de ter sido esta semana chamado à seleção do Brasil. Telles tem pés de veludo e coração de guerreiro. Dele saiu a reviravolta em formato express, consumada nos descontos da primeira parte. Primeiro, colocou a bola na cabeça de Sérgio Oliveira, com delicadeza. Depois, cobrou à bomba um penálti para enterrar o fantasma daquele que Matheus lhe defendeu com o pé na época passada também aqui no Dragão. Até que na segunda parte, para a despedida ser a preceito, voltou a atacar: novo penálti, nova bomba para o fundo das redes. 3-1. Dois golos, uma assistência. Vai-se Telles? Provavelmente. Ficam os dedos, que não chegam para contar quantas exibições de luxo, como esta, ele fez de dragão ao peito.

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O MOMENTO: minuto 87’. Taremi ao primeiro toque

Se há quem duvide da influencia que o iraniano pode ter no jogo do FC Porto, bem pode focar-se neste lance. Mehdi Taremi entrou em campo, ganhou a bola, entrou na área e com o seu movimento característico de aceleração levou o adversário a fazer penálti. Em poucos instantes, o avançado ex-Rio Ave – onde curiosamente foi treinado por Carlos Carvalhal – mostrou ao que vem. Uma espécie de trailer sobre o filme que os adeptos portistas podem ao longo da época: inteligência a atacar o espaço, qualidade a definir… Depois, o resto foi com Telles, que sentenciou a partida com o castigo (máximo) ao Sp. Braga.

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Outros destaques:

Sérgio Oliveira

Às vezes prende o jogo, parece jogar uma velocidade abaixo daquilo que o motor de uma máquina como FC Porto exige. A verdade é que acaba por ser decisivo. E assim foi em cima do intervalo, ao aparecer de cabeça nas costas de Sequeira para o empate. Falta-lhe intensidade, por vezes, mas raramente discernimento.

Manafá

Muito veloz sobre o corredor direito. Desequilibrador lá na frente e cada vez mais fiável a defender. Manafá tem tido uma evolução notável nos últimos meses. Hoje, mostrou porque conquistou o lugar de lateral-direito.

Taremi e Zaidu

O nigeriano jogou 20 minutos, o iraniano entrou nos últimos cinco, mas apesar dos poucos minutos ambos deram excelentes indicações. Zaidu entrou para o lado esquerdo, mas à frente de Alex Telles e com uma missão mais ofensiva. Mostrou velocidade e desenvoltura para dar e vender. Taremi precisou do apenas um lance para fazer a diferença. Bola nos seus pés, aceleração que levou o adversário a fazer um penálti para o travar. Difícil haver melhor estreia em tão pouco tempo.

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Castro

A única vez que Castro havia marcado no Dragão foi com a camisola do FC Porto, a 30 de março de 2013 (3-0 frente à Académica). Depois, o miúdo de Gondomar emigrou, fez-se homem e fez carreira na Turquia. Voltou sete anos depois ao futebol português e quis o destino que a sua estreia fosse apadrinhada com um golo ao seu clube de formação. Um remate potente, seguido de um não festejo. Um quase pedido de desculpa perante a felicidade de regressar com um golo.

Fransérgio

Mesmo limitado fisicamente, como Carvalhal revelou no fim, o brasileiro é a grande referência no meio-campo bracarense. Não é por acaso que ostenta a braçadeira de capitão. Esta noite, mesmo sem deslumbrar, mostrou momentos de grande qualidade a pautar o jogo. Terminou em esforço, numa altura em que a equipa arriscava para chegar ao empate.