Às portas da Serra da Freita, os galos gelaram no momento de decisão. Por sua vez, Rafa Mújica foi letal e guiou os lobos para zona segura da classificação.

Numa partida em que Vítor Campelos surpreendeu ao relegar Fujimoto para o banco, os primeiros minutos fizeram crer que o onze gilista contava com alternativas ao japonês. Os visitantes – que continuam sem vencer o Arouca, nem pontuar fora de portas nesta edição da Liga – entraram melhor no jogo, sobretudo pelas combinações entre Tiba, Dominguez, Félix Correia e Murilo. Entre rápidos passes, o esférico chegava aos extremos que cortavam para dentro e rematavam. Mas, entre os postes, o uruguaio Arruabarrena secou o ímpeto gilista.

Quanto ao Arouca, os comandados de Daniel Sousa aproveitavam o avançar dos médios contrários e respondiam com bolas bombeadas e contra-ataques iniciados em zona exterior, até ao momento de soltar a corrida de Rafa Mújica. O espanhol, mesmo que só na frente, foi sempre mais veloz que Gabriel Pereira e ameaçava inaugurar o resultado. Todavia, o elástico Andrew afastou, em grande estilo, dois remates do adversário, aos 13 e 21 minutos.

E eis que o jogo parou, uma e outra vez. Um pequeno rafeiro castanho entrou em campo e correu o relvado de lés a lés. Se os protagonistas do encontro não terão, por certo, achado um momento propriamente feliz, a verdade é que das bancadas – entre a dezena de adeptos viajados desde Barcelos – tal episódio resultou em “olés” e aplausos. Foi, portanto, o mote ideal para combater o frio de Arouca, que pelas seis da tarde batia nos 8.ºC.

Retomado o encontro, nove minutos depois, Pedro Tiba teve nos pés a oportunidade de dar a vantagem ao Gil Vicente. O relógio marcava 38 minutos quando, na sequência de um canto à direita, Mújica agarrou ostensivamente Gabriel Pereira, que estava de visita à área contrária. Atento, o juiz Manuel Oliveira apitou, mostrou amarelo ao espanhol e apontou para o castigo máximo.

Parecia quase certo o golo dos gilistas, até porque Pedro Tiba é especialista na matéria. Mas a mira falhou e o remate saiu acima da barra.

Pouco depois, em cima dos 45 minutos, Mújica revelou, por fim, a veia goleadora. A cruzamento de Cristo González, pela direita, o compatriota ganhou nas alturas e bateu o apático Andrew. Aliás, pelo posicionamento do guardião gilista, seria expectável que não se limitasse a ver o esférico beijar as redes.

A lei da eficácia ditou o 1-0 ao intervalo.

Rafa "Letal" Mújica – O melhor estava para vir 

Antes do 2.º tempo, Daniel Sousa mexeu no xadrez, a fim de controlar o jogo interior e, por isso, lançou Trezza, em detrimento de Vitinho.

A correr atrás do prejuízo, o Gil Vicente insistia em ataques compactos, ainda que a capacidade de lateralizar as jogadas tenha diminuído. Mérito para a defesa amarela, que secou Félix Correia e Murilo.

Portanto, com o relógio a seu favor, o Arouca esperou os erros contrários, construiu as próprias jogadas e capitalizou as bolas paradas. Foi nesta sequência que, aos 61 minutos, o 2-0 aconteceu. Na sequência de um canto pela esquerda, o central Galovic desviou o esférico e Mújica, de novo letal, aproveitou o espaço para bisar. Bola ao ombro e no bico da chuteira, processo aparentemente simples para o avançado.

Minutos mais tarde, aos 69m, começou a dança dos bancos, com Daniel Sousa a refrescar o ataque, com a saída do inconformado Cristo González – que aos 68m rematou à trave – rendido por Pedro Santos. Entre os visitantes, Campelos lançou, por fim, Fujimoto, em detrimento de Murilo. Se dúvidas houvesse sobre a influência do japonês na tática dos gilistas, bastarem cinco minutos para Fujimoto tirar tinta ao poste da baliza adversária.

A mensagem do técnico dos galos era simples: subir e pressionar. Contudo, um passe errado bastou para Mújica disparar na frente e assinar o hat-trick. Exibição sublime do avançado espanhol que, assim, chegou aos sete golos na Liga.

O apito final confirmou o terceiro jogo consecutivo do Arouca sem perder para a Liga – a segunda vitória nas últimas duas partidas – e a subida ao 14.º lugar, com 13 pontos. Quanto ao Gil Vicente, os galos ficaram com a lanterna rosada, isto é, ficaram em posição de play-off de manutenção, com 12 pontos. A turma de Campelos acumula o sétimo jogo para a Liga sem vencer.

Ao 14.º encontro oficial entre estas equipas, os gilistas continuam sem conhecer o sabor da vitória ante os lobos da Freita.

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