Dois erros crassos, um golo para cada lado e um ponto que não satisfaz totalmente nem Arouca, que atirou ao ferro na compensação e se mantém bem dentro do turbilhão da luta pela manutenção na I Liga, nem o Santa Clara, que se atrasa por uma possível vaga na próxima edição da Liga Conferência.

Os regressos de David Simão e Bukia, que cumpriram castigo na última jornada, permitiram a Armando Evangelista desenhar o seu Arouca no habitual 4x2x3x1, com o toque conservador no miolo que já se tinha visto na vitória com o Gil Vicente e que a situação classificativa justifica.

Leandro e David Simão andavam, sobretudo, preocupados em controlar as iniciativas adversárias, perante uma equipa açoriana que tinha de volta Lincoln, no lugar de Rui Costa, que ficou-se pelo banco.

Na antevisão ao jogo, o técnico arouquense tinha pedido à equipa para deixar de parte a ansiedade e, assim, evitar o erro, e ela fez por corresponder aos anseios do técnico nos 45 minutos iniciais. Bem arrumado no campo, o Arouca não só foi o primeiro a criar perigo, por Arsénio e André Silva, como ia mantendo o Santa Clara longe da sua baliza.

Ainda assim, a melhor ocasião de toda a etapa inicial pertenceu aos açorianos, quando Tagawa, servido por Ricardinho, rematou para uma grande defesa de Victor Braga. Estávamos a meio da primeira parte, que cresceu em emoção à medida que se aproximava o intervalo.

Arsénio, André Silva e uma bicicleta de João Basso podiam ter adiantado o Arouca no resultado, mas também Lincoln ficou perto do golo, num remate no coração da área adversária que foi bloqueado, com valentia, por David Simão.

O reatamento trouxe um Santa Clara mais dinâmico, sobretudo pela esquerda, onde Allano ia minando a coesão defensiva local. Armando Evangelista sentia que o jogo lhe estava a fugir e pensou em lançar Antony e Alan Ruiz, mas um golo caído do céu, apontado pelo inevitável André Silva, reforçou-lhe a convicção de que o plano inicial arouquense ainda não estava esgotado.

Porém, o reverso da medalha para o Arouca surgiria aos 72 minutos. Num lance que parecia controlado pela defesa canarinha, Thales aliviou a bola para a entrada da sua área, onde estava Ricardinho, que rematou contra o corpo de um adversário. O ressalto sobrou para Tagawa, que empurrou para o empate.

Ressurgiam na cabeça de Armando Evangelista as ideias que lhe assomaram quando o resultado ainda registava um nulo. Do banco saltaram Alan Ruiz, Dabbagh e Bruno Marques, tudo gente para a frente, numa espécie de tudo ou nada para o Arouca.

A equipa da casa terminava o jogo com três homens de área, ainda que Dabbagh se tivesse encostado à esquerda, apoiados por Alan Ruiz e Antony. As mexidas no Santa Clara não transfiguraram tanto a equipa, dando-lhe antes maior vivacidade.

No capítulo das oportunidades, um livre de Nené, que saiu a rasar o poste da baliza de Victor Braga, foi o melhor que se viu até final dos açorianos. Na outra baliza, Dabbagh, em excelente posição, atirou para as mãos de Marco. Em tempo de compensação, Basso cabeceou à barra, deixando o Estádio Municipal de Arouca em suspenso. Foi por pouco, mas a vitória escapou-se mesmo aos arouquenses.