Embalado pela conquista da Supertaça, o Benfica chegou ao Bessa moralizado, mas foi traído pelo mesmo ego.

Roger Schmidt, desta vez, não surpreendeu, apostou em Petar Musa na frente, porém, o regresso do croata à antiga casa foi bastante infeliz e culminou com uma expulsão que condicionou toda a estratégia da equipa.

O Benfica sai do Bessa com uma derrota (3-2) e põe fim à série de anos a vencer na primeira jornada, que esta segunda-feira poderia ter sido elevada para a dezena. 

FILME DO JOGO

O Boavista entrou a querer ser uma equipa agressiva e causar dificuldades aos encarnados com uma pressão alta e intensa, assim como o FC Porto havia feito na Supertaça, mas desse ataque inicial resultaram três cartões amarelos, todos eles para elementos do meio-campo. No final do primeiro quarto de hora, Petit já tinha o trio do miolo amarelado.

A equipa boavisteira não se fechou ou escondeu, pese embora tenha demonstrado algumas debilidades, quer a defender, quer na saída para o ataque. Os encarnados até estiveram algo desacertados em alguns momentos, com passes falhados e desposicionamentos que podiam custar caro, mas as panteras não conseguiram criar perigo com saídas para o ataque, muito por falta de critério nas decisões e por chegar à frente com poucos elementos.

A defender, a equipa de Petit optou por usar a linha subida e isso custou caro. Quando se tem pela frente um jogador como Rafa, os metros deixados nas costas podem ser traiçoeiros.

Nos primeiros minutos, Di María já tinha ficado com quase meio-campo para correr, mas deixou-se ser apanhado pelos defesas. Contudo, quando é Rafa a ter esse cenário, a conversa é outra.

A linha defensiva do Boavista facilitou, Rafa deu um toque subtil e ficou com uma avenida aberta para a baliza. Quase chegado ao destino, não foi egoísta, viu que Di María se esforçou para acompanhar o ritmo e entregou o 1-0 de bandeja ao argentino, que voltou a marcar na Liga portuguesa 13 anos depois.

O Benfica geriu a vantagem até ao intervalo e nada fazia prever aquilo que aconteceu na segunda parte. Mas é isso que torna o futebol tão especial.

No regresso ao Bessa, Musa vinha com o moral todo, mas foi traído pela vontade. O croata tentou dividir um lance com Abascal, escorregou na bola e atingiu com violência o central boavisteiro.

Cartão vermelho mostrado a Musa e o jogo mudou por completo aos 50 minutos. Aliás, Di María – que deu lugar a Morato após o vermelho – ainda nem sequer tinha chegado ao banco quando o Boavista empatou.

Na sequência do livre que valeu o vermelho, Bozenik apareceu ao segundo poste e deixou tudo empatado.

Schmidt tinha acabado de mudar o sistema tático e sofreu um golpe logo de seguida, mas optou por manter as mudanças. A jogar com três centrais, o Benfica passou a exigir muito dos seus laterais, os médios tiveram de se juntar e procurar constantes combinações, enquanto Rafa, sozinho lá na frente, ia tentando massacrar os defesas e explorar a profundidade.

A velocidade de Rafa já tinha causado estragos na primeira parte e na segunda não foi diferente. Aos 70 minutos, o avançado encarnado aproveitou um erro de Filipe Ferreira e enviou a bola à barra.

Mas o Benfica voltou à carga e, em momento de organização ofensiva, nem denotava estar em inferioridade. Cinco minutos da bola ao ferro de Rafa, Jurásek cruzou com critério para a entrada da área, Kökcü atirou para defesa de João Gonçalves, João Neves tentou a recarga, o guardião axadrezado defendeu para a barra e, em nova tentativa, Rafa empurrou a bola para o fundo das redes.

Explosão no Bessa… mas com tempo contado.

A perder, o Boavista foi em busca do empate e fez uso da superioridade numérica. A dois minutos dos noventa, Odysseas Vlachodimos precipitou-se na saída da baliza, Bozenik tentou finalizar, mas a bola sobrou para De Santis, que foi derrubado na área por António Silva.

Na cobrança, Bruno Lourenço enganou Vlachodimos e motivou nova reação do Benfica, que foi como podia em busca do terceiro golo. 

A barra, já nos descontos, negou o 3-2 a Neres e, mesmo ao cair do pano, a vontade de querer chegar ao golo traiu os encarnados.

Totalmente balanceada para o ataque, a equipa de Schmidt «esqueceu-se» que tinha uma baliza para defender, deixou imenso espaço e abriu a passadeira para que Bozenik ficasse na cara de Vlachodimos. O avançado, sucessor de Musa no Bessa, não perdoou.