Após a derrota contra o Sp. Braga, Vítor Murta anunciou a demissão do cargo de presidente da SAD do Boavista. A decisão surge depois de o dirigente ter sido contestado pelos adeptos quando a equipa axadrezada estava a ser goleada pelos bracarenses.

«A massa adepta teceu comentários e cânticos relativamente ao presidente do Conselho de Administração da SAD do Boavista. O futebol é feito de emoções. Sou presidente do clube há seis anos e da SAD há cerca de três, mas tudo tem um princípio e um fim. Como disse, foram os sócios que me colocaram nesta posição e que me deram o prazer de ser presidente do Boavista e por inerência, da SAD. Por vezes, os adeptos têm memória curta, o que é normal. É futebol. Esquecem-se que quando cheguei, o clube não pagavam subsídios de férias ou de Natal, que não tinha campo digno para treinar e que vivia com dificuldades enormes. Hoje não estamos bem, mas estamos melhor e temos futuro», começou por dizer, na sala de imprensa do Bessa.

«Temos um projeto para uma futura academia do Boavista, em Vila Nova de Gaia. Mas como disse, tudo tem um princípio e um fim. Sinto que fiz um trabalho positivo. Há cerca de 15 dias, terminámos mais um processo de dívida que o Boavista tinha: 1,5 milhões de euros ao Jaime Pacheco e a outros jogadores dessa altura. Andamos a pagar dívidas com 20 anos. E como esta, já pagámos dezenas. (...) Acredito 101 por cento que vamos ficar na Liga porque acredito nestes jogadores. Mas, assim sendo, quero dizer que já comuniquei ao acionista maioritário e irei comunicar ao presidente do Conselho Geral da SAD que termino as minhas funções como presidente da SAD. Entrarei apenas em gestão não obstante o acionista ter-me convidado para mais um mandato. Entendo que é importante o foco estarem nos jogadores e que estes sejam apoiados pelos adeptos», acresentou.

Vítor Murta reforçou ainda que esta decisão já devia ter sido tomada mais cedo e lamentou o facto de ter sido «maltratado na própria casa».

«Sou um fator de destabilização uma vez que as pessoas passam mais tempo a dirigirem-se a mim em termos pouco próprios do que a apoiar a equipa. Como o Boavista está em primeiro lugar... sou sócio há cerca de 40 anos, a minha família é boavisteira e ninguém gosta de vir ao estádio ser maltratado pelos seus, tomei esta decisão. Tomarei apenas atos de gestão corrente. (...) Desejo a maior sorte ao meu sucessor», esclareceu.

O dirigente deixou ainda a hipótese de se não recandidatar à presidência do clube, cujo mandato termina no fim do ano.

«O meu mandato termina no fim do ano. Terei de reunir com a minha direção para saber o que será feito. O clube e a SAD devem andar de maõs dadas. É importante que haja sintonia. Por isso, ponderarei. Ainda não tomei qualquer decisão relativamente ao clube. Muitos acham que o Boavista é só futebol, mas é mais do que isso. Todos os meses temos de encontrar soluções para o presente, mas também para o passada. Mensalmente temos custos que ultrapassam um milhão de euros. Saio com os salários dos jogadores em dia. Já recebera janeiro e quem me suceder, iá encontrar soluções para pagar fevereiro. Os funcionários já receberam dezembro e antes de eu sair, irão receber o vencimento de janeiro. Sairei com os salários pagos para que nada me seja apontado. (...) Desejo, do fundo do coração, que todos os que estiveram hoje na bancada a insultar o presidente do clube deles, tenha razão e que quem me suceda consiga resolver melhor os problemas do Boavista», concluiu.

O Boavista perdeu por 0-4 na receção ao Sp. Braga e ocupa o 12.º lugar da tabela classificativa com 24 pontos, mais dois que o Portimonense, que está em lugar de play-off. O treinador Ricardo Paiva não falou aos jornalistas após a partida.