O treinador do Desportivo de Chaves, José Gomes, em declarações aos jornalistas após a derrota em casa do Boavista, por 4-1, na quinta jornada da Liga:

«[Na preparação do jogo com o Estrela, o foco vai estar no que está por vir ou no que foi feito neste jogo?] A preparação do Estrela é para começar a fazer amanhã de manhã.

[Influência de Rúben Ribeiro em dia de estreia] A integração do Rúben… chegou mais tarde e precisa de encontrar ritmo. No tempo em que esteve em campo, o jogo passou muito por ele e foi influente.

Também pelo resultado, mas não só, tivemos momentos muitíssimo bons, porque o Boavista não é uma equipa que se deixe vergar, tentou pressionar e recuperar a bola, mas na segunda parte tivemos muita chegada à baliza do Boavista. Acho que o João, guarda-redes do Boavista, foi determinante. Com várias oportunidades claras de golo, fez defesas incríveis, que são o resultado de muitas ações ofensivas que fizemos. Terei de analisar como é que três chegadas - uma delas oferecida que resulta no primeiro golo - terminam em golo. É preocupante a facilidade com que os adversários têm conseguido fazer golos. Mas, num cenário de quatro derrotas, vamos ao primeiro classificado, com mais uma oportunidade para dar a volta, e, aos 46 segundos, estamos a perder. Depois o resultado ficou praticamente definido, o expectável era baixar braços, a equipa render-se ao jogo e isso não aconteceu. A equipa foi sempre equipa, procurou lutar até ao último segundo. Vejo como um sinal muito positivo e um grande alicerce para o futuro.

[Analise à partida/o que disse ao balneário no intervalo] O que falei ao intervalo fica ao intervalo. Foi um Desp. Chaves de cara lavada, não virou a cara à luta e, não fossem as defesas do João, estaríamos a lutar ainda por um resultado diferente.

[Golos cedo são fruto de falta de concentração ou confiança?] Se procurarmos isolar ou descontextualizar o que já aconteceu esta época, corremos risco de errar. Levámos o primeiro golo que é claramente erro nosso, uma oferta ao Boavista. A bola é nossa, podíamos ter colocado a bola onde quiséssemos e oferecemos o golo. Mas não é só analisar esse golo, são quatro resultados negativos com muitos golos sofridos. É uma carga tremenda e não é fácil responder da forma como eles responderam. O foco tem de ir para aí e nós treinadores temos de esmiuçar o porquê em relação a estes golos.

[O que sente um treinador quando aos 25 minutos vê lenços brancos?] Não vi, porque estou a olhar para o campo e os adeptos estão à esquerda. Mas já tinha visto esses e até mais no jogo em casa. Percebo perfeitamente os adeptos, querem vencer e a frustração ao verem o início de jogo a perder por 4-0... Não podem estar satisfeitos.

Como está treinador? Sempre dependente dos resultados, do que a equipa demonstra, da vontade e organização que demonstra, da envolvência do projeto e do que este significa. Quando esses vetores convergem no sentido de "não há mais nada aqui a fazer", o caminho só pode ser um. Quando o caminho é a saída do treinador – estou aqui a falar e outros podem pensar de outra forma – faz sentido que se mude quando olhamos para a equipa e não sentimos nada. Não sei a vossa perceção, mas eu senti a minha equipa até ao fim a lutar pelo jogo. Rematámos 22 vezes, tivemos mais bola, mais chegada. Era expectável, depois de 4-0 e quatro derrotas, que a equipa desanimasse, mas lutou, trabalhou, procurou chegar à baliza do Boavista, que é equipa muito organizada e competitiva. Não fossem as defesas do João… mas os guarda-redes estão lá para isso.»