Filipe Martins tinha anunciado que a primeira vitória do Casa Pia na Liga estava «cada vez mais próxima» e chegou mesmo este domingo, na estreia dos gansos no Estádio Nacional, com uma vitória inequívoca sobre o Boavista por 2-0. Rafael Martins desbloqueou o marcador, com o primeiro golo na Liga da equipa de Pina Manique, enquanto o «supersónico» Godwin Savior confirmou a vitória da equipa da casa. O «reforçado» Boavista, que tinha possibilidade de acompanhar o campeão FC Porto no topo da classificação, ficou em branco e perdeu os primeiros pontos.

Duas equipas que chegaram a este jogo com estados de espírito bem distintos. O Casa Pia ainda à procura do primeiro golo no primeiro escalão, apesar das boas exibições frente ao Santa Clara (0-0), nos Açores, e também na receção ao Benfica (0-1), em Leiria. O Boavista, por seu lado, chegou a esta ronda com o máximo de pontos, depois de ter somado dois triunfos, e com possibilidades de acompanhar o «vizinho» FC Porto no topo da classificação. Além disso, Petit chegou a esta «ronda» com sete reforços, três deles titulares [Sasso, Salvador Agra e Bozenik], depois de ter conseguido desbloquear as inscrições na Liga.

Foram os «gansos» que, a jogar em casa, fizeram questão de assumir as rédeas do jogo, conseguindo mais posse de bola, com Angelo Neto a gerir bem o meio-campo e Afonso Taira a recuperar muitas bolas. Os casapianos apostavam depois quase tudo na velocidade de Godwin Savior, uma seta sempre preparada para sair disparada sobre a esquerda, nas costas de Filipe Ferreira.

O Boavista, por seu lado, apostou mais na consistência defensiva, procurando incomodar o adversário com uma pressão alta, com um bloco muito subido, mas perdia a bola demasiado facilmente e, quando a tinha, estava sempre longe da baliza de Ricardo Batista.

O Casa Pia conseguia facilmente profundidade, quase sempre pela velocidade supersónica de Godwin, mas a velocidade do nigeriano acabava por ser contraproducente, uma vez que Rafael Martins, bem mais lento, estava sempre uns dez metros mais atrás, e Kunimoto estava «demasiado preso, agarrado» a Gorré sobre a direita. A verdade é que o Casa Pia chegava facilmente ao último terço, enquanto o Boavista só conseguiu o primeiro remate já depois da meia-hora de jogo, numa transição rápida de Gorré que culminou com um remate forte, mas à figura de Ricardo Batista.

O Casa Pia teve bem mais oportunidades, com destaque para um remate de Kunimoto às malhas laterais e um remate de Rafael Martins, em boa posição, contra um adversário, sempre em lances desenhados por Godwin. O nigeriano correu quilómetros na primeira parte, mas raramente teve apoio suficiente para criar perigo.

Rafael Martins faz o primeiro e Godwin voa para o segundo

O intervalo chegou, assim, com um insonso nulo, mas com claro sinal mais para a equipa da casa, com Filipe Martins certamente mais satisfeito do que Petit. Não sabemos o que se passou no balneário dos «axadrezados», mas o Boavista regressou transfigurado do intervalo, somando duas oportunidades flagrantes logo nos primeiros minutos, primeiro por Gorré, logo a seguir por Malheiro. Uma mudança que se explica, em boa parte, pelo adiantamento de Makoutá, bem mais ativo na ligação com o ataque.

O Boavista ganhou confiança, empolgou-se, subiu mais uns metros, mas foi o Casa Pia que acabou por chegar ao golo, precisamente no melhor período dos «axadrezados». Um golo que surge numa arrancada espetacular de Lucas Soares que deixou Filipe Ferreira nas costas e cruzou para Godwin que, já na área, serviu Rafael Martins. O avançado rematou enrolado, mas conseguiu colocar a bola fora do alcance de Bracali.

O Boavista procurou reagir rápido, aumentou o ritmo de jogo, mas logo a seguir sofreu o segundo, numa transição rápida dos gansos, obviamente com Godwin na jogada. Grande passe de Kunimoto e o nigeriano saiu disparado, chegando à área com apenas um toque, antes de bater Bracali, com a bola a pedir licença ao poste antes de entrar. Em dois tempos, o Casa Pia matava o jogo.

Petit, que já tinha lançado Bruno Lourenço, abdicou ainda do central Abascal para lançar o jovem Marim Tavares, que já tinha marcado ao Santa Clara, mas o jogo já estava partido, com muitas alterações a partir dos bancos e até foi o Casa Pia que voltou a estar mais perto do golo, num lance protagonizado por Diogo Pinto.

Vitória merecida dos gansos que dão um salto significativo na classificação, enquanto o Boavista vai ainda ter de gerir a integração dos novos jogadores que passou a ter à disposição.