O presidente da Liga, Pedro Proença, admitiu este sábado que o futebol vai mudar depois da pandemia de Covid-19.

Em entrevista ao Expresso, o dirigente defendeu que a indústria terá de se reorganizar para precaver crises como a que está a ser vivida neste momento.

«É evidente que todos os momentos que se seguem a crises obrigam as empresas a criar novos modelos de negócio, e o futebol será claramente diferente após esta catástrofe. Vai ter de se reorganizar, e não falo apenas dos clubes, mas do tecido empresarial que gira à volta dele, patrocinadores, operadores de TV, etc», referiu.

«Terá de haver mais rigor, mais contenção, e também terão de ser criadas condições para enfrentar crises inesperadas com esta. (…) Acredito que uma das grandes ilações que vão ser retiradas desta crise será a seguinte: as organizações que supervisionam o futebol internacional têm obrigatoriamente de criar rácios, que sejam inultrapassáveis entre os que mais ganham e os que menos ganham», prosseguiu.

Pedro Proença afirmou, de resto, que acredito que haverá tempo para terminar a Liga: «Estou convicto de que, segundo os traços evolutivos que nos são passados pela Direção-Geral da Saúde (DGS), temos condições para terminar a Liga esta época. (…) Obviamente, isto é tudo muito prematuro ainda.»

«Mas, tendo a UEFA adiado o Europeu para 2021, abrindo-nos uma janela de oportunidade de 45 dias para completar as competições, penso que há calendário suficiente para terminar as competições profissionais (I e II ligas). (…) De outra forma, seria o caos», acrescentou.

Na mesma ocasião, Proença garantiu ainda que a Liga tem «instrumentos» para intervir em casos de despedimentos de jogadores ou salários em atrasos, como já tem acontecido em clubes internacionais.

«É evidente que esta paragem vai ter consequências financeiras para as sociedades desportivas. Vamos tentar reduzir o seu impacto. (…) Temos um fundo que poderá ser acionado em casos de incumprimentos salariais para ajudar clubes em dificuldades. Mas também é preciso dizer que grande parte dos orçamentos dos clubes estão suportados pelos contratos televisivos. Felizmente, o feedback que temos tido desses patrocinadores é tranquilizador.»