FIGURA DO JOGO: Cristo González

Clínico. Uma assistência e um golo assinado pelo avançado, natural de Tenerife, que aqueceu os ânimos às portas da Serra da Freita. Dois contra-ataques bastaram para o espanhol, de 26 anos, cimentar lugar entre os mais influentes da turma de Daniel Sousa. De toque rápido e decisões acertadas, Cristo fletia, sobretudo, para a direita, para servir Mújica e Jason. Além disso, este espanhol beneficiou da apatia – extrema – da defesa contrária, capitalizando as poucas oportunidades criadas.

MOMENTO DO JOGO: o penálti que desintegrou o Dragão

Corria o minuto 30 quando, de penálti, Cristo repôs a vantagem do Arouca, «fuzilando» a baliza de Diogo Costa. Foi, então, o ponto de viragem do encontro. Uma vez mais, o FC Porto revelou-se ansioso, frustrado, e por isso errático nas decisões. Os anfitriões, por sua vez, conseguiram, paulatinamente, conservar a posse, delinear contra-ataques e ampliar a vantagem. Se, até ao 2-1, os dragões dominavam a partida, Cristo foi «padrasto» e frustrou os planos dos azuis e brancos. Um golo, com «twist» à mistura, o verdadeiro princípio do fim para o FC Porto em Arouca.

Outros destaques:

Rafa Mújica: o avançado mais pressionado…mas somente depois de abrir o marcador. Na primeira jogada do encontro, o espanhol terá estranhado – eventualmente – a escassa marcação da linha liderada por Pepe. Um dos destaques no campeonato, Mújica voltou a brilhar, com um cabeceamento certeiro, assinando o 13.º golo no campeonato. No resto da partida, o espanhol foi «silenciado» por Fábio Cardoso e Pepe, mas abriu espaço para Jason e Cristo. Em suma, um avançado de nível para outros voos, mas, tal argumento, já soa a cassete riscada. Mújica é uma estrela em ascensão e as defesas deveriam partir sobreaviso para os duelos. Até porque, mesmo assim, Mújica será capaz de surpreender.

Jason: errático sem bola, mas brilhante com o esférico colado aos pé. O terceiro mosqueteiro assinou um belíssimo arco, que assinalou o 3-1. Em troca constante com Cristo González, este avançado – imagine-se, espanhol – foi um quebra cabeças para Wendell e para os centrais portistas. Três em três. «Um trio de sonho», pensará Daniel Sousa.

Diogo Costa: presente nos momentos de «aperto», o internacional português travou, como pôde, Mújica e Cristo, mas nada podia fazer nos três golos. Por vezes um mero espectador do encontro, o guardião está isento de culpas em novo desaire dos dragões.

Francisco Conceição: bloqueado, mas não desinspirado. O «baixinho» dos dragões, sempre procurado, foi contrariado por uma defesa coesa e paciente. Em todo o caso, a insistência valeu um golo, que ainda deu alento ao FC Porto. Assim se concluiu que faltam alternativas aos dragões na construção ofensiva, quando a estratégia ainda passa por pensar o jogo. O mesmo se poderá dizer de Evanilson. Contudo, nos momentos de aflição, como tem sido hábito, a anarquia é total.

Taremi: um regresso atípico. O avançado iraniano foi lançado por Conceição no decorrer da segunda parte, mas nada acrescentou ao jogo. Antecipa-se uma saída pela porta pequena, numa altura em que Taremi já tem agendados exames médicos em Milão, para assinar pelo Inter.

Eustáquio, Varela, João Mário: a derrota do FC Porto passa pela incapacidade de construir e, até, de reter a posse. Os golos do Arouca surgem em contra-ataque, e muitos lances de perigo foram antecedidos por perdas de bola. Não houve concentração, muito menos calma, e a fatura foi pesada.

Sylla: a velocidade do «baixinho» do Arouca promoveu vários contra-ataques dos «lobos». Foi o melhor amigo do trio da frente, com passes bombeados e cruzados, além de recuperações de bola.

Arruabarrena: assertivo, calmo e decisivo. A exibição «normal» do guardião do Arouca frustrou, com e sem bola, o ataque do FC Porto. Tal como na primeira volta, Arruabarrena volta a ser preponderante para a turma de Daniel Sousa.

Reveja a história desta partida, aqui.