Houve sofrimento até ao fim, em três pontos inteiramente distintos do país, da Madeira, ao norte e nos Açores, mas as contas ficaram definitivamente fechadas naquilo que diz respeito à despromoção direta da I Liga. Um golo solitário de Claúdio Winck, já no final do jogo, deu a vitória ao Marítimo sobre o Vizela e fez entrar em ebulição um Caldeirão dos Barreiros, cheio como um ovo, e que fervilhou quase incessantemente durante 90 minutos.

O jogo era potencialmente decisivo para as contas da permanência na I Liga, com Santa Clara e Paços de Ferreira de olhos colados no que podia fazer o Marítimo, no Funchal, ao receber um tranquilo Vizela. Isto porque uma vitória dos insulares garantia, desde logo, um lugar no play-off com o terceiro classificado da II Liga, e despromovia, automaticamente, açorianos e pacenses.

O encontro era, portanto, de extrema importância, e os adeptos responderam em massa, ao deixar completamente lotado o Estádio do Marítimo. E também os jogadores verde-rubros começaram por corresponder.

Determinada a fazer pela vida, a equipa madeirense entrou forte, a explorar a velocidade nos corredores laterais. Sobretudo no lado esquerdo, com subidas de Victor Costa, a combinar com as diagonais de Félix Correia para o interior, em busca de linhas de passe para André Vidigal, a principal referência ofensiva. O Marítimo fazia assim, provavelmente, dos melhores 20 minutos da época, criando muitas ocasiões de perigo para as redes vizelenses.

Impondo um ritmo frenético, sempre em alta intensidade, a formação verde-rubra somava investidas perigosas, como a que fez tirar tinta ao travessão da baliza defendida por Luiz Felipe, num remate potente de Victor Costa, ou através de um remate do meio da rua de Xadas, que passou a centímetros do alvo.

Num jogo que decorria sem faltas e com muito poucas paragens, Tulipa aproveitou a primeira oportunidade para falar aos jogadores e corrigir a estratégia, enquanto Osmajic era assistido. Revelou-se o momento de viragem na primeira parte, já que, a partir daí, o Vizela reequilibrou a partida. Ao controlar os movimentos de Geny Catamo e Félix Correia, os vizelenses reentraram no jogo e começavam também a sair com bola, para somar mais oportunidades de perigo.

O jogo continuou aberto, desta feita com algumas ocasiões para ambos os lados, mas faltavam os golos. Ainda antes do intervalo, o Vizela fez tremer a defensiva madeirense, que a espaços revelava alguma intranquilidade, mas valeu a defesa vistosa de Marcelo Carné a remate rasteiro de Kiko Bondoso.

Até ao último suspiro...

No reatamento, sem alterações nas equipas, esperava-se que Marítimo e Vizela voltassem com a mesma toada, mas os forasteiros entraram com mais posse, ao passo que os homens da casa pareciam perder um pouco do ímpeto incisivo do primeiro tempo.

A equipa de Tulipa passou a controlar de forma eficiente as investidas insulares, mas revelava também ela pouca capacidade para fazer trabalhar o guarda-redes maritimista.

Com o avançar do cronómetro, e com as primeiras alterações no xadrez, o Marítimo começou a mostrar sinais de querer assumir novamente a busca pelo golo e Félix Correia ainda atirou com a bola a rasar o poste da baliza de Luiz Felipe.

Os minutos finais trouxeram de novo um jogo altamente intenso, rasgado, e com pressa do Marítimo para procurar o golo que traria um coletivo suspiro de alívio. Mais do que isso, porém, estava a chegar o grito de euforia, já nos descontos, quando Cláudio Winck, praticamente em cima da linha de golo, aproveitou a saída arriscada de Luiz Felipe para deixar o Marítimo na frente do marcador e selar os destinos de Santa Clara e Paços de Ferreira. Já os madeirenses ganham a derradeira oportunidade para permanecer no mais alto escalão do futebol português.