Em Vizela, alma de um lado, Almeida do outro.

A equipa de Álvaro Pacheco, reduzida a dez jogadores desde o minuto dois por expulsão de Ivanildo Fernandes, teve a alma romana que tem caracterizado muitas vezes a equipa, mas acabou derrotada pelo Santa Clara, que conseguiu a primeira vitória fora com um golo aos 87 minutos, na 10.ª jornada.

Foi, literalmente, alma até Almeida.

Por mérito do Vizela, poucas vezes foi notório o dez contra onze, mas o Santa Clara acabou premiado pela genialidade do pé esquerdo de Bruno Almeida, a três minutos dos 90, numa fase final em que teve mais chegada à baliza de Buntic, num jogo marcado pela muita chuva que encharcou o relvado.

O Vizela falha uma inédita terceira vitória seguida na Liga e os açorianos, na ressaca da eliminação da Taça, põem fim a quatro jornadas sem vitórias, cavando maior diferença para Paços e Marítimo.

Ainda os motores aqueciam em Vizela quando Ivanildo viu o vermelho direto, com Gustavo Correia a admoestar o central por falta sobre Tagawa, que surgiu nas costas para isolar-se. O lance passou pelo crivo do vídeo-árbitro e, ao fim de quatro minutos, foi confirmada a expulsão.

Álvaro Pacheco retocou logo a equipa e Rashid foi o (azarado) sacrificado. Só com oito minutos em 2022/23 e na tarde em que teve a primeira titularidade da época - logo frente à antiga equipa - o médio iraniano deu lugar ao central Bruno Wilson e a equipa ficou assente num 4x4x1, com Samu e Alex Méndez a assumirem as despesas no meio-campo, mas mais apoiados por Zohi e Kiko Bondoso na linha média e a fecharem as alas.

A verdade é que o Santa Clara tardou – e muito – em conseguir aproveitar a superioridade numérica e, se por vezes pareceu por incapacidade dos açorianos, foi muito por culpa de um Vizela competente a defender e com atitude, união e crença quanto-baste para pensar só em defender durante praticamente 90 minutos.

A primeira bola enquadrada com a baliza até foi do Vizela, num cabeceamento de Alex Méndez (13m) que obrigou Gabriel Batista a não inventar e a ceder canto.

Os visitantes tentavam de várias formas, com a qualidade de passe de Bruno Almeida pelo meio, pela criatividade de Ricardinho na esquerda ou através da profundidade dada por Tagawa, mas o Vizela foi tapando bem espaços. Muitas vezes nem parecia que o jogo estava num dez contra 11. Isaac e Kiki estavam bem nas laterais, Anderson e Bruno Wilson fizeram um jogo de grande competência e os homens da frente também mostraram resiliência e espírito de sacrifício.

Já depois de um amarelo a Kiki Afonso – que o retira da deslocação ao Bessa – o Santa Clara teve o primeiro remate enquadrado aos 40 minutos por Gabriel Silva e até marcou em cima do intervalo, por Boateng, de cabeça na área após um livre de Bruno Almeida.

O lance, ao minuto 43, acabou anulado ao fim de quase quatro minutos: o vídeo-árbitro confirmou fora-de-jogo do central, adiantado seis centímetros, numa primeira parte que acabou com o Vizela mais perto do golo, num remate ao poste de Samu.

Ao intervalo, Álvaro lançou Nuno Moreira na ala esquerda e tirou Osmajic, colocando Zohi ao centro do ataque. À hora de jogo, e a perceber que a equipa continuava bem e à procura do 1-0, perante um Santa Clara incapaz de criar perigo, o técnico tirou Zohi e colocou de novo um avançado referência, Alexander Schmidt.

Do outro lado, Mário Silva, que lançara Stevanovic na ala esquerda, colocando Ricardinho mais ao meio face à saída de Adriano, acabou por dar outra opção ao minuto 65, tirando o número 10, para a entrada de Matheus Babi, que criaria a melhor ocasião da equipa ao minuto 70, num cabeceamento pouco por cima. O jogo partiu um pouco mais e Gabriel Silva voltou a assustar, com uma bola ao poste. Com bola cá e bola lá, o Santa Clara acabou por sair vencedor graças a um grande golo de Bruno Almeida, após bom lance de Stevanovic na esquerda.

O Vizela reagiu e teve alma até ao apito final, mas Almeida tramou a coragem e resistência da equipa da casa, para quem os planos mudaram muito cedo esta tarde.