O treinador do Palmeiras, o português Abel Ferreira, revelou na noite de domingo, depois da derrota ante o Santos (1-2), para o Brasileirão, que ao longo do seu percurso no clube, vários jogadores lhe pediram para sair porque não aguentavam a «pressão».

No rescaldo do quinto jogo consecutivo sem ganhar, Abel foi questionado pelos ciclos no futebol, como veria a necessidade de renovação a partir da próxima época e lembrou os jogadores que o Palmeiras já teve e que já saíram.

«É uma boa pergunta, entendo a pergunta. Se prestarem atenção desde que nós chegámos, como era o plantel e como é que é, quando prestarem atenção a como começou esta época, se olharmos saiu o Jorge, Kuscevic, Wesley, Danilo, Scarpa, Merentiel, Veron, Tabata e Navarro. Alguns deles saíram porque não aguentaram a pressão de jogar aqui», começou por dizer, na conferência de imprensa, sobre o assunto.

«Alguns vieram e disseram: “Professor, não quero jogar mais aqui”. E quando um jogador te vem dizer que não quer jogar mais num clube, eu tenho de entender. Quando o jogador diz: “Eu não quero jogar mais neste clube, sinto-me ameaçado e a minha família ameaçada”, eu tenho de entender isso, porque o futebol não é isso. Quando os jogadores dizem isto, nós temos de fazer coisas que às vezes vós não entendeis. Pediram para sair e saíram. Fizemos a reposição, o Kevin tem vindo a ganhar espaço, aos poucos, quando os jogadores estão preparados, eles vão jogar, como o Endrick, o Fabinho, o Jhonatan, mas jogar com esta camisola, tem muito peso e responsabilidade», notou.

«Estamos a ser vítimas de todo o sucesso que tivemos, de toda a expectativa que puseram em nós e o treinador tem de aguentar as críticas, a direção tem de aguentar as críticas, os jogadores…», disse, ainda, dizendo que vai pedir aos jogadores, nesta pausa para seleções, que vai pedir-lhes para «desligarem a ficha do futebol», embora ache que vá ser «impossível».

O técnico deixou ainda uma nota sobre o que será a reflexão desta época e os títulos conquistados e falhados.

«Vamos ter tempo para refletir sobre este ano, mas ainda faltam 12 jogos. Fico triste, porque o espírito do “todos somos um” fica beliscado quando percebes que tem de existir harmonia, porque os nossos adversários têm de ser fora: o Boca, o Santos, o Flamengo. Têm de ser os outros, mas há coisas que eu não controlo. Eu sou o treinador, sou comparado com os treinadores que já estiveram aqui, muito mais novo do que os outros, tenho muita coisa a aprender ainda. Ainda cometo muitos erros, apesar de ser um treinador, eu e os jogadores, é uma equipa que tem sido assediada por outros clubes, foi o ano todo e isso pesa muito. Temos alguém dentro do clube que passa todas as informações para fora, portanto a blindagem que tínhamos no ano passado, deixámos de ter. Não sei o que se passa. Mas no final vamos fazer a avaliação. Os [títulos] mais importantes seriam a Libertadores e o Brasileirão, mas conhecendo o Brasileirão como conheço, dificilmente escapará ao Botafogo. Agora temos de dar o peito às balas e aguentar a pancada. Os adeptos gostam do Palmeiras, mas gostam mais de ganhar», referiu.