José Mourinho diz que está preparado para combater a hegemonia do Barcelona no futebol espanhol, «sem medo» dos muitos ódios que acumulou ao longo dos anos na Catalunha. À frente do Chelsea e do Inter Milão, o treinador português somou dez jogos contra o Barça, trocando sempre palavras azedas, primeiro com Frank Rijkaard, depois com Pep Guardiola. Agora, à frente do Real Madrid, Mourinho fala em «respeito»

«Primeiro não sou anti-barcelonista, sou treinador do Real Madrid e preocupa-me o Real Madrid e não o Barcelona. Preocupa-me a construção de um grande Real Madrid e não o Barça. É um grande rival na Champions e nas competições domésticas, mas não quero falar, nem pensar no Barcelona neste momento. Se sou odiado em Barcelona, problema de quem me odeia, não é um problema meu. Da mesma forma que preparei os jogos do Chelsea e do Inter contra o Barça, dez jogos em cinco anos, vou fazer o mesmo com Real Madrid. O medo não é uma palavra que conste no meu dicionário futebolístico. Respeito o Barcelona como respeito todos os adversários», começou por elucidar.

Logo a seguir virou-se para Jorge Valdano e perguntou se o primeiro jogo podia ser com o Barça, recordando que a sua estreia no Chelsea foi com o Manchester United e que o primeiro jogo à frente do Inter foi com o Milão. «Prefiro que seja assim, não é preciso motivar os jogadores, o trabalho fica mais fácil para o treinador», explicou.

A verdade é que o seu antecessor, Manuel Pellegrini, apesar de ter batido o recorde de pontos e golos maçados, ficou atrás do Barcelona e acabou por ser dispensado. Uma situação que não assusta Mourinho. «Penso que todos os treinadores devem estar preparados para a demissão. Mas se um treinador está com medo do despedimento não trabalha bem e tem grandes dificuldades. Sou um treinador com muita auto-estima, com muita confiança e não penso em despedimentos, pelo contrário. Penso que quatro anos de contrato são suficientes para ganhar e construir uma equipa com identidade. Quero preparar futebolisticamente não só o presente, mas também o futuro do Real Madrid. Não penso em demissões», destacou.

Uma declaração plena de convicção de que o sucesso está perto, não fosse a confiança uma das melhores armas do treinador português. «Não fico feliz com a demissão de Pellegrini, nunca fico feliz com o afastamento de um treinador, mas é a vida do futebol. Tenho muita confiança em mim próprio, nos meus novos jogadores. Acredito que os jogadores também tenham confiança no novo treinador. Depois agradeço à direcção e a Jorge Valdano que acreditam que sou o treinador certo. Prometo que em campo vou o José Mourinho com todas as suas qualidades e com todos os seus defeitos», acrescentou.