Mais de vinte cineclubes e associações culturais de todo o país vão exibir no dia 18 o documentário "José & Pilar", de Miguel Gonçalves Mendes, assinalando os três anos da morte do escritor José Saramago, anunciou a produtora Jumpcut.

José Saramago morreu a 18 de junho de 2010, aos 87 anos, e o dia será recordado com a exibição do filme de Miguel Gonçalves Mendes, que acompanhou o quotidiano do autor e da jornalista Pilar del Río, sua mulher, desde 2006 até 2009, durante a escrita e lançamento do romance "Viagem do elefante".

"José & Pilar" será exibido em 24 cineclubes, como o de Guimarães, Fafe, Tavira, Viseu, de Abrantes, de Telheiras e Angra do Heroísmo, mas também o Centro de Estudos Cinematográficos da Associação Académica de Coimbra ou o Museu de Portimão.

Em Lisboa, na sede da Fundação José Saramago, na Casa dos Bicos, será exibida a versão integral do filme, com cinco horas de duração.

Miguel Gonçalves Mendes fez um "retrato intimista" de José Saramago e de Pilar del Río - hoje presidente da Fundação José Saramago - para lá da esfera mediática, a partir de mais 200 horas de filmagens.

"É a história de um homem que tem uma ideia para um livro, adoece, tem medo de não conseguir acabar o livro, acaba por recuperar, termina e faz a sua vida a seguir", resumiu Miguel Gonçalves Mendes em entrevista à agência Lusa, quando filme estreou em Portugal.

Em "José & Pilar", o escritor fala dos medos e dos dilemas sobre a velhice e a morte, das certezas sobre Deus e a religião, do cansaço das viagens, mas o documentário também mostra o que não se diz, a cumplicidade com a mulher e a dedicação militante de Pilar.

"Eu tenho ideias para romances e ela tem ideias para a vida. Não sei o que é mais importante", admitiu o escritor no filme.

José Saramago ainda viu uma montagem inicial do documentário (o filme estreou no outono de 2010) e disse na altura que o filme era uma "grande dedicatoria de amor" a Pilar.

Com o filme, já editado em DVD, foi lançado um livro que reúne as entrevistas de Miguel Gonçalves Mendes ao escritor e um CD com a banda sonora do filme, que inclui temas de noiserv, Camané, Pedro Gonçalves, Adriana Calcanhotto, entre outros.

LUSA