A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, disse que não perderá tempo a desmentir intenções que lhe atribuam, depois de terem surgido na comunicação social especulações sobre a possibilidade de reeditar o Bloco Central, informa a agência Lusa.

«Dou-vos a garantia de que não serei diferente da pessoa que há muito conhecem nem agirei de forma contrária à que vos prometi durante a campanha», declarou, no seu discurso de abertura do XXXI Congresso do PSD, que começou hoje em Guimarães, recebendo palmas dos congressistas.

A consagração de Ferreira Leite em congresso

Santana Lopes promete «um caminho diferente» no PSD

«E porque sei que acreditam nisto não tenciono perder tempo a esclarecer ou a desmentir pensamentos, estratégias ou intenções que me atribuam. Porque não desviarei a atenção daquilo que é importante e em torno do qual nos devemos unir. Não vale a pena perderem muito tempo a interpretar aquilo que eu diga nas entrelinhas porque eu nunca na vida falei nas entrelinhas, falo tudo perante as linhas», concluiu, passando ao ataque ao primeiro-ministro.

«Sócrates prometeu erros políticos graves e quando tal acontece, mais tarde ou mais cedo, paga-se a factura e o primeiro erro foi a forma como subestimou o PSD», referiu, criticando o facto do seu opositor se ter «dado ao luxo de ignorar» os sociais-democratas.

«Foi um quero, posso e mando absolutamente excessivo. E sobre isto o que queremos dizer ao engenheiro Sócrates é que essa atitude acabou. E acabou porque nós não vamos aceitar ser tratados sem ser de igual para igual. Tem de acabar esta sobranceria antidemocrática», declarou.

Na sua perspectiva, Sócrates «julgou mal que com maioria absoluta não necessitaria de atender às existências do PSD» e que para «sobreviver bastaria a si próprio», mas «essa atitude acabou»: «Por birra, desperdiçou trabalho e prejudicou os portugueses. Como se pode confiar num Governo que está preso à sua agenda política ao ponto de não perceber os sinais de alarme, continuando a agir como se nada estivesse a mudar?».

De acordo com Ferreira Leite, o PS deixou Portugal «asfixiado do ponto de vista político» e «chega-se a falar abertamente medo».

Coligações só em autárquicas

Manuela Ferreira Leite, que falou durante menos de meia hora, afirmou que o PSD é «um partido de alternância ao poder, um partido decidido a exercer esse poder». Reiterou a estratégia eleitoral referida na sua moção de estratégia global, defendendo que o partido deve apresentar-se «com listas próprias aos próximos actos eleitorais».

Poderá haver «as excepções que se justifiquem no caso das eleições autárquicas», ressalvou.