O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, disse esta quarta-feira em Estrasburgo que a União Europeia não pode cair de novo em depressão, com o «não» irlandês ao Tratado de Lisboa, e mostrou confiança na resolução do problema, noticia a agência Lusa.

«Temos de resolver o problema e não cair outra vez em depressão. O voto "não" não pode ser uma desculpa para evitar a acção, não deve significar paralisia», afirmou José Manuel Durão Barroso, que falava no Parlamento Europeu, num debate sobre o Conselho Europeu que se realiza quinta e sexta-feira e Bruxelas, e que será dominado pelas consequências do resultado negativo do referendo na Irlanda.

Numa alusão à crise institucional em que a UE mergulhou há três anos, na sequência da rejeição do anterior projecto de Tratado Constitucional em referendos em França e na Holanda, o presidente do executivo comunitário afirmou que a Europa não se pode dar ao luxo de continuar a «gastar energias» com mais crises institucionais e tem de combater o pessimismo.

«O Mundo não fica à espera que a Europa resolva o seu problema institucional» e é necessário enfrentar os desafios globais tais como a segurança energética, alterações climáticas, terrorismo, imigração e «uma competição mais dura que nunca», afirmou.

Quanto à forma como responder ao triunfo do "não" no referendo realizado na semana passada na Irlanda, Durão Barroso disse que na Cimeira de chefes de Estado e de Governo que se celebra em Bruxelas haverá a oportunidade de «ouvir com muita atenção» o que o primeiro-ministro irlandês, Brian Cowen, tem para dizer, para de seguida «trabalhar de perto com o governo irlandês».

Apontando que a Irlanda tem uma responsabilidade especial na busca de uma solução, Barroso garantiu no entanto que Dublin pode contar com o apoio de Bruxelas e dos restantes Estados-membros.

«Vamos trabalhar com os nossos amigos irlandeses num espírito de solidariedade», assegurou.

Enquanto no hemiciclo alguns deputados britânicos «eurocépticos» empunhavam faixas e envergavam camisolas onde se podia ler «Respeitem o voto irlandês», Barroso repetiu que o processo de ratificação do Tratado de Lisboa deve prosseguir nos oito países que ainda não assumiram uma posição, para depois se procurar, sem precipitação mas com alguma urgência, uma solução para superar o impasse provocado pelo "não" no referendo da Irlanda.