O Presidente da República, Cavaco Silva, destacou hoje o papel do Parlamento timorense na consolidação democrática do país e definiu a distribuição justa dos benefícios do desenvolvimento como um «imperativo democrático».

«O Parlamento Nacional ocupa um lugar central no desenvolvimento do Estado e na representação das legítimas expetativas dos cidadãos e o seu papel será, por isso, decisivo na definição do futuro de Timor-Leste», afirmou Cavaco Silva em Díli, no seu discurso perante o Parlamento Nacional, no âmbito da visita de Estado que realiza a Timor-Leste até terça-feira.

Numa cerimónia em que participou o primeiro-ministro timorense, Xanana Gusmão, o presidente do Parlamento Nacional Fernando Lasama de Araújo, e os deputados, o chefe de Estado português lembrou que os desafios do país, que assinalou domingo os dez anos da restauração da independência, «são imensos».

«A luta pelo desenvolvimento é a nossa obrigação que a todos vincula. A disseminação justa e equitativa dos benefícios desse desenvolvimento constitui um imperativo democrático», afirmou.

Perante os deputados timorenses, Cavaco Silva aproveitou para prestar homenagem «à memória de todos aqueles que deram o melhor de si e, em muitos casos, a própria vida» pela independência de Timor-Leste.

«No meio das piores tormentas, o povo timorense, num exemplo para o mundo, soube manter acesa, nos seus corações, a chama da liberdade», destacou, exaltando a cooperação entre os dois países, nomeadamente no domínio da língua portuguesa, que, proibida no ensino oficial durante o período de ocupação, se tornou um símbolo da resistência timorense.

Tal como em outras intervenções que tem feito desde que chegou a Timor-Leste, no sábado, o Presidente da República destacou a «maturidade democrática» do povo timorense nos últimos atos eleitorais, em vésperas das legislativas no território que se realizam em julho.

Antes, Cavaco Silva ouviu dos deputados palavras de agradecimento pelo papel de Portugal no processo de restauração da independência timorense, mas também um pedido de um deputado para que promova a vinda de mais recursos humanos qualificados portugueses para Timor-Leste, sugerindo, em troca, investimentos em Portugal de uma parte do Fundo do Petróleo.

A agenda do Presidente começou hoje com a cerimónia que assinala o início da construção da futura Chancelaria e do Centro Cultural da Embaixada de Portugal em Díli, num terreno cedido pelas autoridades timorenses.

«Este projeto que hoje vê a sua primeira pedra ser lançada é, atualmente, o mais importante investimento diplomático de Portugal no exterior. Num contexto de fortes constrangimentos orçamentais, dificilmente poderia ser mais revelador da forma como olhamos para Timor-Leste e para a Comunidade portuguesa que aqui também nos representa», disse Cavaco Silva, num breve discurso.

O investimento na Embaixada portuguesa em Díli vai rondar os três milhões de euros.

A visita de Estado de Cavaco Silva prossegue hoje com um almoço com empresários, audiências com o primeiro-ministro e o líder da oposição timorenses, Xanana Gusmão e Mari Alkatiri, respetivamente, terminando o dia na Escola Portuguesa Ruy Cinatti, onde oferece uma receção à comunidade portuguesa.