Numa conferência em que se discutia «a crise mundial dos alimentos, que reunia alguns especialistas, o ex-ministro da Agricultura, Sevinato Pinto, criticou a importância que se está a dar aos problemas financeiros por que ultrapassa os EUA e realçou que mais grave é a fome no mundo.

«Há 850 milhões de pessoas no mundo com fome, dos quais metade são agricultores. Esta crise financeira (apenas) acrescenta mais 75 mil. A crise é esta (fome)», afirmou o responsável na conferncia, promovida pela Associação Comercial de Lisboa (ACL).

Para Sevinato Pinto, os factores que contribuíram para a perturbação no mercado dos alimentos prende-se com vários factores. «Começou tudo com condições climáticas adversas, houve um aumento do consumo e a existência de stocks começou a reduzir-se», referiu.

Também os preços do petróleo, a especulação, a instabilidade nos mercados financeiros e a reacção de alguns países exportadores tradicionais terão tido influência.

O ex-ministro da Agricultura, que hoje faz parte da presidência da República, criticou ainda as organizações humanitárias mundiais. «É absolutamente incrível a ineficiência destas organizações no que respeita a ajuda alimentar e humanitária», adiantou.

Já para o especialista Herbert Oberhaensli, o que tem afectado a segurança dos alimentos é o abrandamento do crescimento da actividade agrícola, os proteccionismos, os biocombustíveis e o uso ineficiente da água.

Para o mesmo, a água é um factor que está inequivocamente interligado coma crise dos alimentos e, por essa razão, não deve ser subsidiada. «Os subsídios impõem quotas e distorcem o mercado dos alimentos. Mas claro, deve haver excepções para os pobres e para a natureza», disse.