Os bancos portugueses vão ter de aumentar os seus níveis de eficiência, no âmbito da Área Única de Pagamentos em Euros (SEPA), que entrou em vigor no passado dia 28 de Janeiro. Esta é uma das conclusões do estudo da consultora A.T. Kearney.

Aliás, de acordo com o mesmo, existem grandes diferenças, entre os bancos europeus em relação às suas estruturas de custos na gestão de pagamentos. Isso significa, de acordo com a consultora, os custos por transacção variam consoantes os países, em que os bancos alemães e do Benelux cobram 1 por cento nas transacções electrónicas.

«O estabelecimento da SEPA confere a estes bancos uma vantagem competitiva, dando-lhes a possibilidade de continuar a sua expansão por todo o continente europeu», refere.

Já a Itália, Espanha e Portugal são os países que terão de enfrentar maiores desafios na melhoria da sua eficiência e serviços «para se manterem competitivos durante os próximos anos». O mercado nacional encontra-se, no entanto, à frente de Espanha «dado que a separação entre a SIBS e a Unicre cumpre um dos requisitos apresentados pelos directivos da SEPA».

O «Managing Director» da A.T. Kearney, João Pena, reconhece, todavia, «que há bancos portugueses que têm hoje uma proposta de valor e uma capacidade de competição no mercado que lhes permitirá continuar a crescer, alargar a sua base de clientes, ao mesmo tempo, que ganharão espaço para reduzir progressivamente a sua base de custos».

Preços para todos os gostos

De acordo com a consultora, os cartões estão a ganhar terreno como meio de pagamento por toda a Europa, no entanto, cerca de 80 a 90% dos pagamentos realizam-se em numerário.

Segundo o relatório, os bancos dos países mais eficientes cobram uma média de 0,01 euro por transacção num processamento de um pagamento electrónico doméstico, enquanto nos países menos eficientes esse valor atinge os 0,3 euros.

«Esta diferença também se observa analisando cada uma das entidades individualmente: os líderes são entre 50 e 90% mais baratos no processamento de pagamentos do que o resto dos bancos. Estes últimos têm preços entre duas e dez vezes superiores em pagamentos e operações com cartão».

A consultora chama ainda a atenção de que os utilizadores europeus «estão a pagar preços muito diferentes por instrumentos e serviços semelhantes». Por exemplo, as transacções em cartões de débito na Dinamarca não têm custos para o comerciante, noutros países o serviço tem um encargo de 1,5%, sendo em geral de 0,6 a 0,8% em Portugal.

«Em muitos países, a obtenção de um cartão de débito é grátis ou respeita uma quota bastante baixa, entre 5 a 10 euros, enquanto que em França ou em Espanha o valor é de 30-40 euros».

Conquistar novos mercados

A par da competição, a SEPA vai ainda, no entender da consultora, servir ainda para «competir e capturar negócio em novos mercados geográficos, por exemplo, em mercados adjacentes como Espanha».

«A criação da SEPA implica que os bancos europeus vão competir por mais de 70 mil milhões de transacções anuais e de 60 a 70 mil milhões de euros de depósitos bancários. Naturalmente os principais beneficiários serão aqueles bancos que já contam com uma estrutura de custos e serviços adoptados à nova situação de mercados».

O estudo analisou mais de 40 bancos, de 13 países europeus.