«Continua a haver um problema de liquidez, associada a uma crise de confiança no sistema, isso é o lado negativo. Do lado positivo, estão as injecções de liquidez que estabilizaram as taxas de juro no mercado interbancário», refere o responsável, admitindo, no entanto, que «a situação é menos preocupante do que há dois meses atrás».
Esta crise financeira não parece assustar o dirigente do recém-criado BIC Portugal, banco nacional de capitais maioritariamente angolanos, uma vez que, no entender do responsável, «embora haja um arrefecimento da economia mundial, a economia em Luanda vai continuar a crescer e está imune a esta crise financeira internacional».
«Angola tem uma taxa de crescimento espectacular e está neste momento imunizada à economia internacional. Neste cenário não estou preocupado com a crise financeira, devido à grande ligação a este país», salienta Mira Amaral à AF.
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O anúncio feito pelos banqueiros portugueses no que diz respeito ao encarecimento dos empréstimos é considerado pelo líder do BIC Portugal «uma má notícia para os clientes e consumidores dos produtos financeiros».
«Os banqueiros nacionais foram claros ao referir que a crise do imobiliário vai ser passada para o crédito ao consumo», acrescenta em declarações à Agência Financeira.
Uma subida que no entender de Mira Amaral levanta algumas dúvidas. «Houve a priori uma subida das taxas de juros mas os bancos centrais conseguiram estabilizar o mercado bancário, não é necessário que seja preciso aumentar as taxas aos clientes», acrescentando ainda que «os banqueiros estão muito preocupados, têm alguma razão, no entanto, tenho algumas dúvidas quanto a essas subidas. Até porque a situação no mercado interbancário está estabilizada. Existe crise de confiança mas as injecções de liquidez dos bancos centrais já vieram permitir o controlo da situação».
Recorde-se que o banco BIC Portugal, a primeira instituição bancária portuguesa de capitais maioritariamente angolanos, apresenta uma estrutura accionista idêntica à do BIC de Angola, onde Américo Amorim tem 25 por cento do capital.
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