Os dados, divulgados no «Observador do Automóvel» de Abril da Cetelem, apontam ainda uma explicação para esta subida dos transportes para o segundo lugar do consumo familiar: a rubrica está a aumentar «principalmente graças à componente dos serviços de transporte colectivo, quer se trate de deslocações urbanas ou de deslocações interurbanas de comboio ou avião».
O observatório sublinha ainda que esta igualdade se verifica pelo facto das despesas com aquisição de imóvel não estarem inscritas nesta rubrica e porque, tendencialmente, a maioria das famílias portuguesas é proprietária da sua casa.
A situação de igualdade entre as despesas de habitação com a de transportes é única no caso português, dado que nos outros países europeus analisados, os gastos com a casa, e que inclui ainda a água, electricidade, gás e outros combustíveis, surgem em vantagem.
No orçamento, além das variáveis já referidas, 7% é gasto em lazer e cultura e 5% com saúde.
«Face a uma situação em que, por um lado, os recursos financeiros das famílias apenas progridem moderadamente e estão essencialmente dependentes do trabalho e, por outro, há rubricas que concorrem com a despesa relativa ao automóvel e que estão em plena expansão, não podemos deixar de ver os coeficientes das despesas com o automóvel estagnarem ou sofrerem uma erosão em vários países europeus», conclui o estudo.
Compra de carro: portugueses na cauda
O «Observatório Automóvel» da Cetelem refere ainda que os portugueses foram os que menos compraram carros no ano em análise, em 2006: apenas 2,9% das famílias nacionais adquiriram veículo em 2006, face a 4,2% das alemãs, 4,5% das francesas, 6,3% das espanholas e 7,1% das italianas.
O estudo justifica o baixo valor pelo facto do mercado estar «deprimido».
«Segundo o cenário das previsões, as vendas agregadas dos oito países analisados pelo "Observatório Automóvel" progredirão de pouco mais de 1% entre 2000 e 2012, o que é um indício claro da maturidade do mercado nos países em que as taxas de equipamento estão perto da saturação», avança ainda a Cetelem.
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