«Estamos numa situação de alguma crise, em que as expectativas das famílias quanto ao consumo são relativamente baixas. Quando há menos rendimento disponível, há uma tendência para complementar parte desta escassez de liquidez com o cartão», afirmou Paulo Raposo.
«Se isto acontece e for utilizado e gerido de forma racional, acaba por ser benéfico para companhia como um todo porque dependemos fundamentalmente dos volumes facturados e do processamento das transacções», acrescentou.
Num cenário de crise, a Mastercard aposta assim na utilização dos cartões de crédito como forma de estender a liquidez das famílias, segundo Paulo Raposo, que falava à agência «Lusa» depois do lançamento do cartão «caixa Woman», um cartão de crédito mais pequeno destinado ao público feminino e emitido pela Caixa Geral de Depósitos e Mastercard.
Crédito gera compras racionais
Paulo Raposo defendeu a ideia de que os consumidores fazem escolhas racionais quando optam pelo pagamento a crédito, mas também admitiu que o mercado tem um cultura de incentivo ao crédito.
«O mercado português-e até certo ponto o mercado europeu-tende a confiar muito no papel do regulador, a confiar que alguém virá e resolverá a crise», disse o responsável da empresa, que assegura na Europa 50 por cento dos resultados.
A Mastercard reviu em alta as previsões de crescimento global para os próximos dois anos, para um valor entre 25 a 30%, de uma base entre os 15 a 20%.
As estimativas de crescimento, frisou Paulo Raposo, não estão relacionadas com eventuais ganhos no actual cenário de abrandamento global.
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