O presidente da Agência Portuguesa para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (Aicep) espera que o investimento captado pela agência em 2008 se mantenha, pelo menos, nos 3 mil milhões de euros alcançados em 2007, o melhor nível de sempre, refere a «Lusa».

«O investimento em 2007 foi de 3 mil milhões de euros (projectos portugueses e estrangeiros). Para o ano (2008) o nosso objectivo é pelo menos manter este nível de investimento», disse Basílio Horta, após o Fórum dos Embaixadores que hoje reuniu no Ministério dos Negócios Estrangeiros embaixadores e responsáveis da Aicep no exterior.

O presidente da Aicep frisou, contudo, que a intenção da Aicep é tentar melhorar [o investimento], pelo que as visitas a eventuais investidores, o sector da angariação e a ligação à rede diplomática são grandes prioridades.

Apesar de ainda não haver projectos contratualizados para este ano, acrescentou, a Aicep tem já na sua lista de intenções cerca de 1,5 mil milhões de euros relativos a projectos do sector automóvel, componentes de automóvel e da petroquímica.

Verbas não chegam

Quanto a incentivos financeiros, Basílio Horta adiantou que representaram uma média 300 milhões de euros (cerca de 10/12 por cento), mas explicou que daquela verba, 160 milhões de euros relativos a projectos contratualizados no ano passado, ainda vão ser atribuídos, estando já cativos no Quadro Referência Estratégico Nacional (QREN).

«A verba do Prime não chegou», resumiu.

Referindo-se ao investimento líquido estrangeiro (diferença entre investimento que entra e o que sai), Basílio Horta lembrou que este alcançou em 2006 4 mil milhões de euros, o que correspondeu a um aumento de 82% relativamente a 2005.

Em 2007, acrescentou, sofreu contudo «um decréscimo», para os 3,2 ou 3,3 mil milhões de euros (as contas ainda não estão fechadas).

«Isto acontece não obstante o investimento que entrou ter aumentado cerca de 40 por cento, o que significa que as deslocalizações, nomeadamente a da general Motors, tiveram influência nos índices», afirmou.

Portugal não é um país de deslocalizações

Apesar desta situação, Basílio Horta considera que «Portugal não é um país de deslocalizações», uma vez que o investimento líquido é positivo e defendeu que o tecido empresarial tem sabido responder «e muito».

«A economia do país tem vivido assente no investimento privado. O investimento público tem sido praticamente nulo, muito pequeno. Há empresários, grandes, pequenos e médios, a arriscar», defendeu.

Por outro lado, o responsável justificou ainda o desemprego existente com a alteração do modelo da economia portuguesa.

«Neste momento o modelo está a transferir-se para uma economia de produtos e oferta de média e alta intensidade tecnológica. O primeiro item das nossas exportações são aparelhos e instrumentos, o segundo são os componentes de automóveis e o terceiro automóvel. Estes três items representam quase o dobro do Turismo», explicou Basílio Horta, garantindo que já foi possível «parar e estancar o aumento da taxa de desemprego».