Segundo um comunicado da Agência Portuguesa para o Investimento (API), que tem estado a acompanhar a situação da empresa no nosso País, as duas empresas do grupo de peças automóveis (que fornece sobretudo os fabricantes nipónicos), instauradas em Portugal, facturam actualmente, em conjunto, cerca de 180 milhões de euros.

«A empresa de maior dimensão, a YAZAKI SALTANO DE PORTUGAL, C.E.A., Lda., encontra-se actualmente (processo gradual desde os anos 90) sobre a pressão de concorrência dos países de Leste de Europa, baseados em baixos custos laborais e que se revelam altamente competitivos no segmento das cablagens do sector automóvel», explica a API. A Agência acresce ainda que os fabricantes automóveis pressionam, nos tempos que correm, os seus fornecedores, para obterem reduções médias anuais de custos significativas. Uma concorrência que, tendo em conta «o aumento de custos salariais que tem ocorrido em Portugal, apesar de relativamente contido», está a dificultar a gestão do grupo japonês, tendo já sido, inclusivamente, equacionadas deslocalizações das unidades em causa.

«Assim, a empresa tem manifestado essa fragilidade, tendo vindo a reduzir gradualmente a sua actividade em Portugal, à medida que vão terminando os contratos com os clientes», explica a API.

«Na sequência do acompanhamento que o Governo e a API fazem regulamente junto da empresa, no passado mês de Dezembro de 2006 a empresa informou a sua intenção de proceder a uma redução de cerca de 600 trabalhadores na unidade de Ovar, através de um processo de despedimento colectivo, basicamente, devido ao fim do contrato relativo ao Toyota Corolla», acrescenta a API.

Nos últimos anos a empresa tem vindo a fazer um esforço significativo no sentido de diversificar produtos, designadamente para a área dos componentes com maior valor acrescentado e novos negócios, não tendo, no entanto, tido o sucesso pretendido, não conseguindo assim evitar esta redução dos trabalhadores com efeitos de substituição de produtos, explicam ainda.

Empresa paga indemnizações acima da Lei

Há semelhança do que já tinha sido feito no passado, a empresa, com o apoio do Estado, tentará minimizar o impacto do despedimento em causa. A empresa promete, segundo a API, indemnizações acima do previsto legalmente.

Para minimizar os efeitos dos despedimentos, será feita uma selecção positiva do pessoal a despedir, evitando, por exemplo, no caso de casais (há cerca de 150 casais) que saiam os dois, admitindo-se que só fiquem cerca de 10 a 12 situações.

Outra das medidas será empreender contactos com o grupo Amorim no sentido do pessoal envolvido no despedimento poder ser requalificado e poder ser contratado para o Centro Comercial que está neste momento em fase final de construção mesmo em frente das instalações da Yazaki (o que poderá envolver mais de 300 trabalhadores).

Em coordenação com o Instituto do emprego e Formação Profissional (IEFP), tentar-se-á fazer deslocar para a unidade especialistas que possam ajudar os trabalhadores quer nos aspectos de «subsídios» quer em eventuais oportunidades de colocação.

Dar-se-á também a possibilidade de colocação de algum do pessoal noutras fábricas do Grupo, no estrangeiro, existindo já cerca de 50 situações destas.

Mesmo depois da redução, a empresa mantém uma «importante presença em Portugal, com cerca de 1950 trabalhadores nas duas unidades», 1.200 em Gaia e 750 em Ovar. Ao mesmo tempo, continuará a tentar ganhar projectos para Portugal, especialmente em novas áreas de negócio e competências (contadores de gás, painéis solares, sistemas e componentes de electrónica para veículos, etc.).