Entre as suas declarações mais mediáticas esteve um repto lançado a Jardim Gonçalves, fundador do BCP e actual presidente do Conselho Geral e de Supervisão, que assina as duas propostas: «Se o engenheiro Jardim Gonçalves quer ter este poder todo, então que lance uma OPA ao banco».
Uma das propostas em causa prevê que passe a ser o órgão presidido por Jorge Jardim Gonçalves a ratificar as decisões do conselho de administração. Algo que Joe Berardo nem quer ouvir falar. «Nomeia e, depois, ainda assiste às reuniões da administração e tem poder para ratificar as decisões, porque razão?», questiona.
Berardo defende, por isso, a manutenção dos actuais estatutos e sugere a Jardim Gonçalves retire a proposta, porque, «como está, é toda negativa», além de ser ilegal, «já que, para propor uma alteração de estatutos tem de se reunir mais de cinco por cento do capital».
Luís Neiva Santos e Miguel Galvão Teles: Em resposta às declarações de Joe Berardo, o presidente e o vice-presidente da Mesa da Assembleia-geral do BCP, viram-se forçados a sair em defesa da AG. Na altura, emitiram um comunicado em que garantia a legalidade de todos os pontos a votar. Ambos asseguraram que o Conselho Geral e de Supervisão pode «requerer a convocação de assembleia-geral ou a inclusão de pontos na ordem de trabalhos, pode igualmente apresentar propostas à assembleia, embora a Lei não o diga expressamente. Também não o diz expressamente por exemplo quanto ao Conselho de Administração e nunca ninguém questionou que este o pudesse fazer» , acrescentavam.
Conselho de Administração Executivo do BCP: Apesar da clara polémica em torno desta questão, o BCP garantia, pela mesma altura, em comunicado, a união. O banco desmentiu «alusões sobre a existência de discrepâncias com outros órgãos sociais do banco. O Conselho de Administração Executivo afirma expressamente a sua unidade, empenho e coesão, sob a liderança do seu presidente.
João Pereira Coutinho: Esta segunda-feira foi a vez de se pronunciar mais um accionista do BCP, João Pereira Coutinho, para quem este «será um dia muito importante para o BCP porque se vai decidir sobre a renovação do banco», que, na sua opinião, deveria acontecer, refere numa entrevista ao «Diário Económico».
Fernando Ulrich: Já o presidente do BPI, um dos accionistas de peso do BCP com mais de 7%, prefere «virar espingardas» noutro sentido: os problemas suscitados pela venda de acções do banco, nos últimos aumentos de capital, em 2000 e 2001, que deu origem a muitas queixas de clientes e ex-colaboradores, alegando terem sido «aliciados» a contrair créditos sob livrança para comprar títulos do banco, sem que lhes tenha sido explicado que este era um investimento de risco. «Como accionista do BCP, como operador do sistema financeiro, acho que este é o problema mais grave que existe para resolver em torno do BCP, mais do que a alteração dos estatutos», disse.
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