As propostas que vão a votação são ambas subscritas por Jardim Gonçalves, fundador da instituição e actual presidente do Conselho Geral e de Supervisão. Uma delas consiste em reforçar a blindagem dos estatutos do banco, dos 66,6% para 75%. A outra, em reforçar os poderes do órgão a que Jardim Gonçalves preside, passando este a designar, em vez os accionistas, o conselho de administração executivo, onde tem assento o presidente do banco. As propostas são interpretadas pelo mercado como um braço de ferro entre Jardim Gonçalves e Paulo Teixeira Pinto.

A Assembleia-geral está marcada para as 15h30, altura em que deverá ter lugar a votação, mas as duas propostas não deverão merecer o aval dos accionistas necessários para serem aprovadas. Para passarem, necessitam da aprovação de dois terços do capital presente.

Entre os accionistas que já se mostraram contra as propostas está Joe Berardo, com 4% do capital do BCP. O empresário ameaçou mesmo impugnar a Assembleia-geral, se a proposta de alteração dos estatutos não fosse retirada.

Do mesmo lado da barricada está ainda João Rendeiro, presidente do Banco Privado Português (BPP), com uma posição de 2%, que diz ter reunido votos de outros accionistas numa percentagem significativa. A estes juntam-se ainda João Pereira Coutinho, que diz, em entrevista ao «Diário Económico», qual o seu sentido de voto.

Ainda sem presença confirmada, o BPI, com 7,2% do BCP, também votará contra, se o seu presidente, Fernando Ulrich, chegar a comparecer.

A favor, Jardim Gonçalves terá, ao que tudo indica, os aliados históricos: o Grupo José de Mello, com 2,98% do capital, e o grupo Teixeira Duarte, com 4,56%, além do grupo Eureko, que tem 7,16%.

Na dúvida estão accionistas como a CGD, que tem 2,39%, a EDP, com 2,34%, a Friends Provident, com 2,09%, o Sabadell, com 2,49%, o Fundo de Pensões do BCP, com 2,49%, o JP Morgan, com 2,39%, o Fundo de Pensões EDP e REN, com 2,10% e o Fortis Bank com 4,94%. Mais de metade do capital do banco encontra-se disperso em bolsa.

O mercado está a apostar num chumbo das propostas. A imprensa tem avançado com notícias de que pelo menos 30% do capital votará contra. Uma luz vermelha às propostas pode fragilizar a posição de Jardim Gonçalves dentro do banco.