A maioria dos empresários e gestores inquiridos no estudo mensal de opinião promovido pela Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) junto dos seus associados defende a criação de uma taxa mais elevada de IRS e de uma sobretaxa no IRC.

Relativamente à recente posição do presidente do BPI, Fernando Ulrich, defendendo a subida de impostos sobre quem mais ganha, com o objectivo de manter a coesão social em tempo de crise, os inquiridos revelaram-se favoráveis à criação de uma sobretaxa em sede de IRC sobre empresas com lucros superiores a 100 milhões de euros (66%).

Também são favoráveis à criação de um novo escalão de IRS, com taxa de 45%, aplicável a rendimentos superiores a 200 mil euros (54%).

Mas 59% dos inquiridos contestaram a proposta de tributação das mais-valias de Bolsa à taxa de 20%.

Investimentos públicos a repensar

Cerca de 74% concordam com as críticas feitas pela nova líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, à política de investimentos públicos que o Governo se propõe lançar, contestando assim o plano de investimentos em grandes infra-estruturas que o Executivo liderado por José Sócrates preparou para os próximos anos.

Em comunicado, a ACEGE adianta que, já quanto às alterações à legislação laboral acordadas em sede de concertação social, a maioria aplaude o resultado alcançado, com 40% a considerar as alterações positivas e 16% a classificá-las de significativas, contra 8% que as consideram negativas e 26% que as classificam de irrelevantes.

Bancos de confiança

A grande maioria do painel de inquiridos (mais de 80%) revela, entretanto, um nível positivo de confiança em relação aos bancos que operam em Portugal, sendo que cerca de 41% denotam mesmo um nível muito elevado de confiança em relação ao sector da banca.

Quanto às formas como os bancos poderão aumentar esse nível de confiança junto dos clientes, as mais citadas são a preocupação com a explicação de todos os aspectos relacionados com a aquisição de produtos e serviços (21%) e o aconselhamento com vista a evitar o sobreendividamento das famílias (20,5%).

Outra expressiva maioria dos inquiridos, superior a 85%, admite como importante que os bancos adoptem um conjunto de critérios ambientais e sociais, de forma a garantir que os investimentos e empréstimos minimizem os impactes ambientais. Já quanto às medidas a adoptar pela banca no sentido de ajudar a resolver esses problemas, a preferencia dos associados da ACEGE vai para a constituição de fundos de investimento social e ambientalmente responsáveis (26%) ou para o investimento em projectos ou empresas benéficas para o ambiente (17%).

Pessimismo está de pedra e cal

Finalmente, o estado de espírito dos associados da ACEGE em relação à situação do País voltou a revelar um pessimismo crescente, com 27% dos inquiridos a mostrarem-se francamente pessimistas, contra os 23% apurados no Barómetro de Junho.

A recolha de respostas para este Barómetro mensal promovido pela ACEGE em parceria com a Rádio Renascença decorreu entre as 12h00 do dia 14 e as 13h00 do dia 16 de Julho, tendo sido enviados questionários por e-mail a 823 associados e validadas 105 respostas.