Quase 50 alunos, professores e amigos do Conservatório Nacional de Lisboa foram esta sexta-feira à Assembleia da República para tentar impedir que a questão da reforma do ensino artístico «caia no esquecimento», escreve a Lusa.

Pouco antes do começo do debate quinzenal com o primeiro-ministro, José Sócrates, um quinteto de metais do Conservatório deu um pequeno «concerto de recepção» à ministra da Educação junto a uma das entradas do Parlamento, mas a Maria de Lurdes Rodrigues não terá, no entanto, utilizado aquela porta para aceder ao edifício.

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Entre os dois temas de Gershwin com que os cinco alunos animaram os transeuntes, o trompetista Jonathan Vogel garantiu que todos estavam ali «de boa vontade», na defesa da qualidade do ensino artístico em Portugal.

«Os conservatórios são muito bons para a cultura em geral, educam e formam bons músicos. Não queremos que o ministério destrua aquilo que eles querem construir. Temos de construir em conjunto», defendeu o aluno do oitavo grau de trompete.

Em causa está a reforma do ensino artístico e a intenção do Governo de diminuir a oferta de cursos em regime supletivo (que permite ao aluno ter formação especializada no conservatório e formação geral numa escola à sua escolha), e de cursos de iniciação musical.

Os manifestantes entraram depois para o Parlamento para assistirem ao debate quinzenal, aproveitando a presença da ministra da Educação.

Vários deles vestiam t-shirts cor-de-laranja com letras que, juntas, formavam a frase «Em defesa do ensino artístico».

«Isto não é uma manifestação, é mais uma presença simbólica», garantiam duas alunas de violino, com orgulho em participar numa acção que tinha «muita gente, sem ter sido quase divulgada».

Isabel Gonzaga, que há dez anos ensina flauta de bisel no Conservatório, assegurava que, através das palavras nas t-shirts nas bancadas do Parlamento e do pequeno concerto, a música ia «estar presente na assembleia».

«É uma forma de chamar a atenção, já que o diálogo com a ministra tem sido difícil», explicou a professora.

Tiago Ivo Cruz, um ex-aluno que há um ano fundou o Movimento de Defesa do Ensino Artístico - MovArte, aproveitou a acção para acusar a ministra de fazer «manobras mediáticas», quando «na verdade a decisão já está tomada».

Para Tiago, o relatório da Agência Nacional para a Qualificação, que serve de base para a reforma do ensino artístico, «demonstra absolutamente a intenção de terminar com estes regimes e a má fé da ministra».