Futebol de primeira na Serra da Estrela. Covilhã acolhe um dos grandes e evoca os bons velhos tempos dos seus leões. Isso mesmo, os bons velhos tempos do Sporting Clube da Covilhã.

É preciso, de resto, recuar 27 anos para encontrar o registo da última visita do Benfica à cidade serrana. A Taça de Portugal é mesmo assim, uma excelente desculpa para folhear cadernetas antigas e recuperar personagens outrora habituais no noticiário desportivo.

O Sp. Covilhã reergue-se agora na II Liga, mas nos anos 50 fez frente aos melhores e acabou uma edição da I Divisão Nacional num fantástico quinto lugar.

Na temporada 1987/88 o Sporting serrano acabou no 20º e último lugar. Foi despromovido, naturalmente, e não mais voltou ao escalão principal. No palmarés ostenta 15 presenças entre os melhores e uma presença na final da Taça de Portugal. Contra o Benfica, curiosamente.


Disso daremos conta noutro artigo. Neste, começamos por recuperar as imagens do último Sp. Covilhã-Benfica, realizado a 23 de agosto de 1987 no mítico Estádio Santos Pinto, a meio caminho da ascensão à Torre.

Triunfo do Benfica por 0-3, golos de Diamantino (2) e Rui Águas. No ataque covilhanense jogava Jacques, um algarvio que passara antes por FC Porto (quatro épocas) e Sp. Braga (duas).

«Esse resultado é enganador. Na primeira parte o Sp. Covilhã podia ter feito dois ou três golos», diz Jacques ao Maisfutebol, a partir de Vila Real de Santo António. «Na segunda parte não tivemos hipóteses. O Diamantino encheu o campo, fez dois golos e eu não dei um chuto».

Jacques dá uma gargalhada e continua a recordar. «Aquele Mozer era tramado. Tanta porradinha levei. Ele era um grande central, durinho mas sério, honesto. Era um gigante na defesa de um super-Benfica».

No Sp. Covilhã, além de Jacques, brilhava Celso Maciel. «Era um brasileiro habilidoso, fazia muitos golos. Mas recordo também o Barradas, que era o guarda-redes, o Real, o Juanico, o António Borges… foi pena termos descido. Tive uma despedida triste do futebol profissional».

O jogo de sábado será disputado no novo Municipal da Covilhã, mas por esses dias o Santos Pinto era uma verdadeira fortaleza. Não era fácil passar em casa dos leões serranos. «O estádio era pequenino e ficava a abarrotar nos jogos com os grandes. Havia gente quase em cima das linhas laterais. Adorei jogar na Covilhã».

Jacques trabalha atualmente na restauração, em Monte Gordo, e deixa um desejo na despedida. «O povo da Covilhã merece voltar a ter jogos da I Divisão. Meus senhores, subam rapidamente».


O «outro» Cavém na derrota do Benfica em 62


Amílcar Cavém. Nome de monstro na história do Sp. Covilhã. O irmão, Domiciano, foi seu colega de equipa nos leões serranos antes de se transferir para o Benfica, onde se projetou no futebol nacional.

Quando se fala em Cavém, fala-se sobretudo neste segundo, já falecido. Amílcar tem, porém, um lugar especial nos corações covilhanenses.

No dia 18 de fevereiro de 1962 o Sp. Covilhã venceu pela última vez o Benfica. O primeiro golo, nesse histórico 2-1, foi marcado por Amílcar Cavém. Chacho fez o segundo do Covilhã e José Augusto marcou o único do Benfica.

Nessa tarde, nem Eusébio salvou as águias.

Amílcar Cavém tem 84 anos e continua a ver futebol, segundo diz um dos seus netos ao Maisfutebol. As dificuldades inerentes à idade avançada, e muito bonita, não lhe permitem entrar nesta reportagem.

É, contudo, da mais elementar justiça deixar uma menção muito especial ao seu nome.

«Um clube estável, mas a pagar faturas recentes»


No plantel às ordens de Francisco Chaló, um nome destaca-se dos demais. Pedro Taborda, guarda-redes de 36 anos, tem no currículo vários combates contra o Benfica. Para ele, o jogo da taça será «para desfrutar e ganhar».

«Os mais novos falam comigo e perguntam-me como é jogar contra um grande. Digo-lhes que têm de jogar com naturalidade, sem nervos. E digo-lhes que nestas partidas a margem de erro é muito menor», diz Taborda ao Maisfutebol
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Na II Liga, o Sp. Covilhã está no nono lugar e a tentar a aproximação aos lugares de cima. «Saíram jogadores influentes, mas temos evoluído bastante. Podemos fazer uma boa temporada».

Taborda está pelo segundo ano na Serra da Estrela e faz uma leitura muito interessantes sobre o estado atual do seu clube.

«Ainda se estão a pagar algumas faturas do passado recente. Nesta altura já se pode falar de um clube estável, que paga certinho, às vezes antes da data. A médio prazo poderá pensar noutros voos», esclarece o antigo guarda-redes de FC Porto, Freamunde, Naval, Brasov e Timisoara.

A crise económica dos últimos anos, acrescenta, prejudicou a recuperação do Sp. Covilhã. «A indústria têxtil era uma fonte de patrocínios, mas a conjuntura atual é complicada. Atualmente a cidade vive muito do turismo de inverno e tem uma população algo envelhecida».

De qualquer forma, o Sp. Covilhã costuma ter «mais de 1000 pessoas» nos jogos em casa. Os bons resultados chamarão muito mais. «Daí ser ainda também importante uma vitória já sobre o Benfica».

Francisco Chaló já foi despedido por… Rui Costa


O treinador do Sp. Covilhã, Francisco Chaló, está a efetuar um trabalho muito meritório no interior do país. Aos 50 anos, e já com passagens por Feirense, Penafiel e Naval, o técnico já tem muito o que contar.

Neste último emblema, por exemplo, Chaló foi vítima da classe de Rui Costa. Depois de uma derrota na Luz por 3-0, com um golo magnífico do atual dirigente das águias, Francisco Chaló acabou por sair da Naval 1º Maio.

Na baliza estava Pedro Taborda, outro elemento que estará em foco no próximo jogo. A chicotada psicológica ocorreu a 16 de setembro de 2007
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Benfica-Naval, 3-0 em 2007: