O Sporting esqueceu definitivamente o clássico no Dragão com uma vitória daquelas que têm valor acrescentado: uma vitória com reviravolta no resultado e perante uma série de fantasmas que ainda ameaçaram Alvalade.

Entre elas, claro, aquele temor de voltar a perder em casa com o Marítimo.

A formação de Pedro Martins apresentou-se em Alvalade com duas vitórias nas duas últimas épocas e apenas uma derrota nos quatro anos anteriores. O treinador fez questão de capitalizar esse factor e lembrar que Alvalade costuma ser talismã para os madeirenses.

Queria provavelmente pressionar um adversário que ainda está a fazer-se.

Ora o Sporting não entrou bem no jogo, mas marcou num rasgo de Capel: o espanhol rematou fortíssimo de fora da área para abrir o marcador um pouco injustamente. Até então pouco se tinha visto da equipa leonina e a partir daí pouco se continuou a ver.

Foi uma pedrada isolada no charco.

Confira a ficha de jogo e as notas dos jogadores

Curiosamente o Marítimo marcou logo a seguir, num livre de Ruben Ferreira, e aí colocou este Sporting definitivamente à prova. Uma prova que se tornou mais difícil quando Heldon voltou a marcar, desta vez num penálti muito contestado pelo Sporting: parece realmente haver um toque em Sami.

O Marítimo saía para o intervalo a vencer e não podia dizer-se que era propriamente um escandâlo.

Mais importante do que isso, porém, foi o exame que o Sporting foi obrigado a preencher na segunda parte: um exame sem prova oral nem cábulas, que exigia uma afirmação de talento.

Este Sporting, convém lembrá-lo, vinha da primeira derrota da época. Este Sporting também é uma equipa jovem, em formação, que tem queimado etapas para andar na luta pelos primeiros lugares mas que não deixou de ser uma equipa jovem e em formação.

Ora era precisamente este Sporting, por fim, que estava obrigado a ultrapassar os receios provocados pelo passado recente quando colado em cima das camisolas do Marítimo.

Capel sempre a dar gás: confira os destaques do jogo

Leonardo Jardim trocou ao intervalo o inexistente Carrillo por um Wilson Eduardo que não tem o talento do peruano, mas tem muito mais vontade. A curva no destino, porém, foi outra: esteve na atitude sobre o jogo, na velocidade do futebol, na capacidade de chegar à zona de finalização.

Foi um Sporting que respondeu ao exame difícil com uma atitude de gente grande: cheio de maturidade e confiante na preparação feita em casa.

Fez dois golos, deu a volta ao jogo e arrancou uma vitória preciosa.

Uma vitória que passa também muito pelo sinal dado por Leonardo Jardim a partir do banco: o treinador trocou Vítor por Slimani quando o Sporting já estava a ser melhor, abdicando um pouco do meio campo para apostar no ataque: Montero recuou ligeiramente e a equipa passou a jogar com dois avançados na área.

Diego Capel continuou o recital que já tinha iniciado na primeira parte, o Sporting mostrou querer, vontade e enorme capacidade de sofrimento. Slimani e Adrien, este de penálti, traduziram a segunda parte inspirada do Sporting em golos e deixaram as bancadas em festa.

O Sporting ultrapassou a derrota no Dragão pelo lado mais difícil: está de parabéns por isso.