Ruben Amorim, treinador do Sporting, em declarações na flash interview da Sport TV, após a vitória em Vizela (2-1), na última jornada da Liga:

«[Sporting mostrou capacidade para dar volta ao jogo] É aquele sinal que temos vindo a falar nesta última série, em que nós, mesmo com alguns contra-tempos, continuamos a jogar o nosso futebol, a ter calma nos nossos posicionamentos e conseguimos dar a volta ao resultado. Um jogo em que tivemos de jogar no meio-campo adversário, às vezes a meio do meio-campo adversário, tivemos algumas dificuldades em criar oportunidades porque é muito difícil com 11 jogadores quase à volta da área. Fomos tentando, fomos criando alguma coisa.

No início, tivemos uma dificuldade numa transição, era basicamente isso que o Vizela estava a tentar. Depois, acertamos na marcação ao avançado [Osmajic] e o avançado começou a ficar muito cansado porque, cada vez que iam na transição ou no espaço, tínhamos sempre vantagem numérico.

Jogo bem conseguido da nossa equipa a fechar a época, numa sequência boa, não perfeita, deveria ter sido melhor, mas não foi suficiente para contrariar aquilo que foi feito no início do campeonato.

[Adeptos em muito bom número] Há coisas que esta equipa, apesar do talento que tem e da época que fez, há algo que temos de ganhar, aquela sensação de que seja treinou ou jogo-treino, temos sempre de ganhar. Faltou-nos, às vezes, um bocadinho dessa fome. Falámos disso no início, melhorámos no fim.

Os nossos adeptos, numa época muito complicada, estiveram sempre connosco, notou-se em alguns jogos a ansiedade normal de perceberem que a época não estava a correr bem, mas hoje foi a prova de que estão com a equipa, mas eu acho que também é porque eles vêem o processo, não vêem ninguém perdido e isso ajuda muito. Há momentos maus, já pedimos desculpa aos adeptos pela época, não foi falta de esforço, foi falta de capacidade para sermos mais competitivos. Para o ano, estaremos mais preparados.

[Essugo foi titular. Jovens estão preparados para pegar já de estaca?] É importante terem tempo para crescer, fizemos esse trabalho há dois anos, mas a pressão e expetativa eram completamente diferentes. Não esperavam tanto de nós nessa altura, neste momento, os miúdos que entrarem têm de ganhar os jogos todos. É um ponto completamente diferente. O treinador e a estrutura têm noção disso, mas nós vivemos deste projeto. Em vez de estarmos a ir atrás de muitos jogadores, tentar compensar ou mostrar alguma coisa, acho que não é essa a forma de mostrar ambição. É continuarmos o nosso projeto e os jovens têm de trabalhar muito para estarem preparados, mas cabe aos jogadores mais experientes, como o Nuno Santos, o Seba Coates, etc., dar estabilidade tal para o Dário não sentir o jogo.

Falando do Dário, é um jogador com muito talento, muita capacidade física, mas precisa de sentir que é claramente jogador de equipa A. Este ano andou a saltar para a equipa B, vai estabilizar na equipa A e, quando a cabeça estabilizar, tudo vai aparecer. [Os jovens] precisam de tempo para crescer, mas acho que não o vão ter. Terão muita gente a apoiá-los.

[É já trabalhar a pensar na próxima época?] É impossível descansar, queremos as coisas muito rápido, vivemos num país onde todos os clubes têm de vender e isso cria alguma ansiedade, mas estou confiante e acredito muito no trabalho de toda a gente aqui. Estaremos preparados. Vou descansar para aí dois dias e depois estarei a trabalhar.

[Vai olhar com atenção para a decisão do campeonato?] O campeonato fechou, o nosso trabalho está feito. Enquanto os outros estiverem a jogar, eu estarei a preparar o nosso futuro. Aquilo que o FC Porto e Benfica, que têm possibilidades de serem campeões, estão a viver, é o que queremos viver. É a vida deles, temos a nossa. Vou desligar a televisão e focar-me muito naquilo que temos de fazer.»